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Grande parte dos DJs que estão tocando em eventos alternativos e em pequenos bares da cidade começou por acaso. Quebrando o galho na festa da faculdade, cuidando do som ambiente da vernissage de um amigo ou fuçando no equipamento de um conhecido que entende do assunto. Ninguém se levava muito a sério até que o gosto musical, por vezes bem pessoal, começou a agradar ao público.

A jornalista Mariana Sanchez iniciou a carreira de "discotecária", como ela mesmo se define, tocando nos intervalos da banda de uma amiga. Por causa do talento que possui para descobrir raridades, começou a ser chamada para participar de outros eventos. Já trabalhou no aniversário do ator Luis Melo e na abertura da loja da Fnac em Curitiba. Atualmente, toca no Wonka às sextas-feiras.

As músicas que fazem parte do repertório da Orquestra de Plástico, como Mariana chama seu trabalho, fogem completamente do lugar comum. Música latina, jazz e versões inusitadas de velhos clássicos fazem parte de sets dançantes, caracterizados por referências culturais.

Apesar de não se considerar uma DJ, e sim uma pesquisadora musical, ela já se arrisca em algumas mixagens e mescla ritmos com diálogos de filmes e textos literários. "O trabalho do DJ de verdade envolve técnicas mais elaboradas, mas acho que qualquer um pode discotecar em uma festa, desde que tenha feeling, uma boa bagagem musical e curiosidade para buscar coisas novas e diferentes", acredita.

O DJ Gabriel Nogueira, o Gabba, também não tinha intenção em tocar profissionalmente e atualmente lidera a organização Rádio Luxemburgo, que promove festas e eventos mod, como a Noite Pow!, todos os meses no bar Nico. Ex-integrante da banda Tarja Preta, era responsável pelo som que tocava nos intervalos dos shows. Quando se mudou para Londres, passou a colecionar compactos e discos em vinil e decidiu transformar o hobby em profissão.

O repertório de Gabba é bem diferente do que costuma tocar nas casas noturnas mais tradicionais da cidade. É composto basicamente de rock dos anos 60 e conta com pérolas como "My Friend Jack", de The Smoke, e "Help Me Please", de The Outer Limits. O projeto é uma homenagem a uma rádio pirata da Bélgica, que tocava na Inglaterra durante a década de 60. Além de elaborarem os sets como um programa de rádio, com direito a locuções e informações sobre as músicas que tocam durante a noite, o grupo ainda distribui CDs. "Muitas músicas do repertório são difíceis de encontrar. Disponibilizamos os CDs para criar uma cultura e divulgar o estilo", explica.

Gabba não acredita que os DJs estejam disputando espaço com as apresentações ao vivo, mas aponta que a música mecânica acaba estando mais presente por agradar a um público mais abrangente. O show de uma banda local geralmente não dura muito mais do que duas horas, mas o que você vai fazer com o resto da noite? Antes ninguém se preocupava com o tipo de música que era tocada no intervalo e nos finais dos shows, mas isso está mudando", observa.

O casal Guilherme Caldas e Fernanda Ayres, donos da loja Candyland Comics, ainda consideram a discotecagem uma brincadeira, mas não descuidam da qualidade. A história deles começou em um bar da Vila Madalena em São Paulo, em 1996. "Tive que me virar com dois walkmans ligados num mixer do tamanho de uma caixinha de música. Eu ajeitava as fitas com a ajuda de uma caneta", lembra Guilherme.

Festas

Este ano, a dupla começou a promover algumas festas no bar V.U. com músicas que eles escutam na Candyland. O repertório variado é formado por electro, punk, samba-rock e outras vertentes. Jorge Ben Jor, Pizzicato Five e Mohammed Rafi são nomes que não podem faltar.

Guilherme também não acredita que seja muito difícil animar uma festa, desde que se tenha um pouco de informação musical e principalmente manha. "É legal saber colocar os sons dançantes e claro, ter um mínimo de corrdenação motora – algo que a Fernanda não tem – para não acontecer de ejetar o CD na hora que era para entrar aquela faixa matadora", brinca.

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