O ator paulista Marco Ricca, atualmente no elenco da novela Ti-Ti-Ti, foi beber de uma fonte conhecida quando decidiu realizar seu primeiro longa-metragem como diretor: a obra do escritor Marçal Aquino, autor do roteiro de O Invasor, premiado filme de Beto Brant coprotagonizado por Ricca.
O romance escolhido pelo ator e agora cineasta foi Cabeça a Prêmio (confira trailer, fotos e horários das sessões), e é exemplar na carreira de Aquino. Uma história de amor, crime e traição, envolvendo matadores de aluguel que atuam na região fronteiriça do Mato Grosso do Sul.
Eduardo Moscovis, muito convincente, vive o assassino profissional Brito, um homem calado e bastante peculiar, dono de um senso ético incomum em sua categoria profissional. Quando vai trabalhar para um rico fazendeiro, também envolvido com o tráfico de drogas, acaba se envolvendo com Marlene (Nia Negromonte), dona de um bar/bordel.
Paralelamente, o novo patrão de Brito, Mirão (Fúlvio Stefanini, em excelente atuação), um homem obeso e amargurado, enfrenta problemas com a filha Elaine (Alice Braga). Ela está apaixonada pelo piloto do avião Denis (o ator uruguaio Daniel Helder, premiado no Festival de Berlim por Abraço Partido, filme de Daniel Burman), que transporta suas encomendas.
Ricca, em vez de recorrer a Aquino, um roterista de mão cheia, optou por roteirizar ele mesmo o livro. A decisão custou caro: parte do mérito do romance é a sua não-linearidade cronológica, o que lhe empresta tensão dramática e provoca maior empenho do leitor. Sem isso, a trama continuou interessante, envolvente, mas perdeu parte do fator surpresa.
A segura direção do elenco é o ponto alto de Cabeça a Prêmio, que traz desempenhos consistentes e alguns até surpreendentes, como o de Ana Braga (mãe de Alice e irmã de Sônia Braga), ao mesmo tempo engraçada e tocante como a mulher de Mirão.
Em sua meia hora final, entretanto, o filme de estreia de Ricca perde um tanto do rumo, talvez na pressa de acelerar em direção ao desfecho. O que, no livro, se desenha aos poucos, com suspense e habilidade, na tela, parece acelerado demais, perdendo o impacto dramático.
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