Caetano Veloso ganhou dois Grammy latinos na oitava premiação que aconteceu na noite desta quinta-feira (8) em Las Vegas. Ele venceu na categoria geral de melhor álbum para cantor e compositor (cantautor em espanhol) com o álbum "Cê" e ganhou o de melhor canção na seção brasileira do prêmio com "Não me arrependo", do mesmo disco. Com estes dois Grammys, Caetano, que não compareceu na cerimônia, passa a ser o artista brasileiro com maior número de troféus, cinco.
Três produções da MTV brasileira ganharam Grammys esta noite na seção brasileira. Lenine venceu na categoria de álbum pop, Lobão na categoria rock e Zeca Pagodinho na categoria samba, todos com seus Acústicos MTV. Na categoria MPB os vencedores foram Leny Andrade e Cesar Camargo Mariano com "Ao vivo", na categoria música romântica venceu "Eternamente Cauby Peixoto - 55 anos de carreira".
Na categoria regional, venceu "Balé mulato ao vivo" com Daniela Mercury. Em entrevista à Rede Bandeirantes, ela disse que o prêmio coroa sua carreira internacional de 12 anos, que já cantou duas vezes no jantar que festeja o Grammy a cada ano e vê o fonógrafo dourado como um importante instrumento para o reconhecimento no mercado latino americano. Daniela disse que está indo para o México fazer dois shows no Fórum Mundial em Guadalajara.
Além de Caetano, venceram nas categorias gerais o maestro John Neschling com "Beethoven Abertura Consagração Da Casa Sinfonia Nº 6". E a cantora de música cristã Aline Barros com "Caminho dos milagres". Ela ficou numa categoria fora da seção brasileira que premia um disco cristão em português e um em espanhol. Os Paralamas do Sucesso receberam um prêmio especial de excelência musical pelos 27 anos de carreira e pela penetração no mercado latino, a única banda brasileira a manter uma constância e a ter boas vendas nos vizinhos de fala espanhola do Brasil.
Numa entrevista à Rede Bandeirantes , Herbert Vianna disse que era "um ponto de exclamação, um reconhecimento à convicção e ao amor pela música deles". João Barone falou de estarem "super felizes e super orgulhosos" e chamou atenção para outro homenageado, o cantor de boleros Lucho Gatica, a quem chamou de ídolo dos pais e deles também. Barone puxou "Sabor a mi" e Herbert foi junto, numa bem humorada homenagem a Gatica. Os Paralamas voltam ao Brasil para o show com os Titãs dia 11 em Salvador, parte da turnê "25 anos rock".
No cômputo geral o grande vencedor foi o cantor dominicano Juan Luis Guerra, homenageado como Personalidade do ano e vencedor de seis Grammys com o álbum "La Llave De Mi Corazón", nas três categorias principais, Melhor álbum, Gravação do ano e Canção do ano e ainda Melhor álbum de merengue, Melhor canção tropical e Melhor engenharia.Como sempre, a cerimônia teve uma abundância de canções românticas de tonalidades bregas com poucos momentos mais criativos, como foi o encontro dos Orishas com o Calle 13 e um grupo performático de percussionistas. A italiana Laura Pausini quando recebeu o prêmio de melhor álbum feminino por "Yo canto" dedicou o prêmio a Luciano Pavarotti. O cantor Pepe Aguilar, ganhador do prêmio de melhor álbum de música rancheira por "Enamorado," pediu que os fãs comprassem música legalmente: "Ninguém trabalha de graça. Digam não à pirataria," pediu.
Juan Luis Guerra dedicou um de seus prêmios à República Dominicana, onde ele mantém uma fundação que ajuda crianças pobres: "Temos fé em Deus, somos um povo forte e valente, uma terra de paz e amor. Que Deus abençoe a República Dominicana.
Como de praxe nas oito edições do Grammy Latino, o Brasil ficou à margem nas premiações principais. Algumas categorias chegaram a ter dois indicados como melhor álbum infantil com "Vida De Bebê" (Acalanto) e "Forró Pras Crianças" (Zé Renato & Convidados), ou ainda na categoria DVD com a série dedicada a Chico Buarque e a efeméride de Ivete Sangalo no Maracanã. Dois belos trabalhos gráficos concorreram na sua categoria, de Luciano Cury para o "Ao Vivo - Barbican Theatre, Londres 2006" dos Mutantes e a primorosa caixa de DVDs "Biograffiti", de Rita Lee por Gringo Cardia. A América Latina continua a discriminar o Brasil.
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