Caixa de CDs de Caetano Veloso reúne seu período de maior sucesso

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A segunda caixa com a obra de Caetano Veloso chega ao mercado com seu período mais rico em termos de parada de sucessos. Os 10 discos de 1975 a 1982 incluem, entre outras, as canções "Qualquer coisa" (75), "Terra" (78), "Odara" (77), "Lua de São Jorge" (79), "Queixa" (82), "Sampa" (78) e "Rapte-me camaeloa" (81). A coleção, remixada, sob coordenação de Charles Gavin com notas de Ana Maria Bahiana, traz como enfeite do bolo o CD bônus "Pipoca moderna", com 19 faixas entre raras e ainda não lançadas, algumas muito boas como as inéditas "Mamãe natureza", de Rita Lee, gravada em 1975 nas sessões de "Jóia", e "Qualquer coisa" e "Escândalo", de 1980, que ele fez para Angela Rô Rô. Bem interessantes são duas canções de trilhas sonoras, "Luz do sol" (82), de "Índia, filha do sol" (direção de Fábio Barreto), e a maravilhosa "Pecado original" (78), do filme "A dama do lotação" (direção de Neville de Almeida). Há destaques suficientes para que o disco seja lançado em separado.

Caetano sempre gostou de cantar outros compositores, preferência responsável por não haver na caixa um disco com músicas só suas. Ele nunca foi muito feliz em reler Beatles e Rolling Stones. Nas raridades está uma versão de "Let it bleed", a irônica canção dos Stones de 69, e, dos Beatles, "Help" em "Jóia" (75) e "Eleanor Rigby", "For noone" e "Lady Madonna" em "Qualquer coisa" (75), todas de fazer fãs das duas bandas pegarem em armas.

Em compensação, os discos contêm muita canções impecáveis, entusiasmo que se justifica diante de momentos como "Terra", a tocante declaração de amor ao planeta, hoje bem mais castigado do que em 1978 (o planeta, Caetano até que está nos trinques), do CD "Muito (dentro da estrela azulada)", uma canção que lhe baixou quando estava preso e viu as fotos feitas pelos astronautas americanos que foram à lua. Outro destaque é "Muito romântico" , feita para Roberto Carlos, com Caetano a capella e um coral, de forte impacto. E o hino "Sampa", homenagem à cidade e a sua mais completa tradução, Rita Lee. Em "Jóia" está uma das mais belas dele, a mântrica "Canto do povo de um lugar" .

"Caetano...muitos carnavais" (1977) é um disco do qual saíram duas canções que se incorporaram à folia, "Chuva, suor e cerveja" e "Atrás do trio elétrico" , e não muito mais. "Doces Bárbaros" (1976) é uma reunião confusa dele com a irmã Maria Bethania, Gilberto Gil e Gal Costa. Cada um canta a seu jeito, as vozes se chocam e raramente se casam, mas vale como celebração desta geração baiana dos anos 60 que tanto mexeu na música brasileira. Destaques para "Esotérico" e "Um índio" . "Jóia" (1977) tem apenas apenas nove faixas, mas pérolas como a lúdica "Odara", a celebratória "Gente" , sua declaração de amor pelo baixista Dadi, "Leãozinho", e duas que têm versões melhores com Doce Bárbaros ("Índios") e Gal Costa ("Tigresa").

"Cinema transcendental" (79) tem repertório quase impecável, a começar por "Lua de São Jorge", declaração de amor ao nosso satélite, e "Oração ao tempo", proclamado por Einstein como relativo, mas também inexorável, como dizem os versos "E quando eu tiver saído/Para fora do seu círculo/Tempo tempo/não serei nem terás sido". "Beleza pura" celebra o estilo de vida lúdico e "Menino do Rio" a beleza do povo da praia. "Louco por você" tem uma maravilhosa guitarra jazzy de Perinho Santana , a divertida "Vampiro", de Jorge Mautner, a biográfica "Trilhos urbanos" e a romântica libidinosa "Elegia", de Pericles Cavalcanti e Augusto de Campos. E "Cajuína", com a sanfona malemolente de Dominguinhos.

"Cores nomes" (82) é impecável de ponta a ponta até para não caetanófilos. Além da surpresa, na época de gravar "Sonhos", de Peninha, ele veio com "Queixa", "Ele me deu um beijo na boca", "Um canto de afoxé para o Bloco do Ilê" , com o filho Moreno, "Genesis" e outras. Entre "Muito" e "Cores e nomes", ele lançou "Outras palavras", que teve os sucessos "Lua e estrela" , "Rapte-me camaleoa" e a faixa-título. A onda popular de Caetano ainda continuaria por mais dois discos, "Uns" (83) e "Velô" (84), mas isso são de caixas a vir.