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O longa-metragem infantil As Crônicas de Nárnia – O Leão, a feiticeira e o guarda-roupa estréia hoje nos cinemas brasileiros. O filme é uma adaptação dos sete contos escritos entre 1950 e 1956 pelo escritor irlandês Clive Staples Lewis. É certo que os seres fantásticos do livro ganharam no cinema corpos precisamente delineados por meio de efeitos especiais de última geração. A conseqüência é que tudo aquilo que nas páginas da obra suscita a imaginação, uma vez mostrado e explicitado em uma tela de cinema, distancia-se da fantasia dos livros para dar lugar à admiração passiva de um mundo já pensado.

Essa transição é o lugar para a inventividade do cineasta. No caso de As Crônicas..., o processo não é exatamente muito criativo. Está mais para uma adaptação burocrática, investimento de alto custo (US$ 150 milhões) e baixo risco, com um pé em O Senhor dos Anéis e outro em Harry Potter. O próprio C. S. Lewis era amigo pessoal de John Ronald Reuel Tolkien (J. R. R. Tolkien), autor de O Senhor dos Anéis. Costumavam conversar sobre fadas, mitos e lendas antigas.

O enredo de As Crônicas de Nárnia fala de quatro irmãos da família Pevenise –, Peter, Susan, Edmund e Lucy, que abandonam uma Londres castigada por bombardeiros durante a Segunda Guerra Mundial. Refugiados em um casarão ocupado por um velho professor, as crianças fuçam por todos os cantos do imóvel, brincando de esconde-esconde. É quando a menina Lucy dá de cara com um armário.

Não é necessária muita perspicácia para entender que estamos diante de um guarda-roupas especial, culpa da encenação lenta e da trilha sonora climática que prenuncie um encontro mágico. Assim, a direção de Andrew Adamson (de Shrek e Shrek 2) segue acadêmica, profissional e sem riscos para apresentar o mundo fantástico de Nárnia. Os casacos do armário confundem-se com pinheiros por meio de fusões e Lucy entra no novo mundo.

A primeira figura que a menina conhece é um centauro, ser com pernas de cavalo e tronco e rosto quase humanos. Quando a menina retorna à casa, os irmãos não compram a história. No entanto, aos poucos, todos se convencem da existência de Nárnia. É quando surge o conflito entre os três irmãos e Edmund, o menino excluído do grupo, que se alia à Feiticeira Branca Jadis. Os irmãos buscam a ajuda de outros seres e do leão Aslan para encontrar Edmund e livrar Nárnia do inverno permanente decretado pela feiticeira.

Assim como no seu parente próximo O Senhor dos Anéis (e até Star Wars), a história narra como alguém precisa percorrer um caminho de proporções épicas para alcançar um objetivo e resolver um conflito. Uma vez colocado nesses eixos, As Crônicas de Nárnia tem pouco ou nada acrescentar aos precedentes, a não ser a caracterização relativamente precisa dos relacionamentos e das personalidades das crianças. De resto, os efeitos especiais alternam detalhadas reproduções de animais e seus pêlos com recortes estranhos de personagens principais em fundos falsos para narrar um conto que todos sabemos como irá terminar. Surpresa mesmo é a canção fim-de-carreira de Alanis Morissette durante os créditos finais. GG

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