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São José do Rio Preto – Foi Carmen Miranda é uma peça para poucos. Em mais de um sentido. Apresentada no Festival de Teatro de Curitiba, em março, a montagem tem passado mais tempo na gaveta do que em cima dos palcos. O problema é a liberação de direitos de exibição. Pessoas ligadas à cantora, morta há 50 anos, estariam relutando em liberar as apresentações.

A montagem assinada por Antunes Filho teve mais uma curta temporada, no Festival Internacional de Teatro de São José de Rio Preto (SP). Foram só três apresentações. O suficiente para que, mais uma vez, causasse polêmica. Isso porque Foi Carmen Miranda é uma peça para poucos, também por conta de seu estilo – lento, sem palavras, sem concessões.

A homenagem a Carmen Miranda não tem muito de carnavalesco. Pelo contrário, é uma peça que mais parece teatro japonês. Na verdade, é uma montagem que também serviu de tributo a Kazuo Ohno, mestre do teatro nipônico, que viu a peça no Japão em uma de suas poucas sessões – especialmente montada para seu centésimo aniversário.

A primeira cena da montagem de Antunes Filho mostra uma menina – a própria Carmen, caracterizada como uma fã juvenil – preparando-se para ouvir um programa de rádio. Claro, são músicas cantadas pela voz de Carmen Miranda. Ela aplaude enlouquecidamente. A seu lado, três velhas senhoras caquéticas, sombrias, ficam impressionantemente sérias. Depois do segundo número, com a garota dançando "O Que É Que a Baiana Tem?", nem elas resistem e passam a aplaudir também.

A segunda cena mostra um homem de branco, vestido no estilo malandro carioca. Ele fala ao microfone. Mas só o que se entende são poucas palavras. Carmen Miranda, balangandãs, banana. O resto está em um idioma inventado, incompreensível. Percebe-se que o personagem está com uma tarja preta no braço, em sinal de luto. "Carmen Miranda morreu" é provavelmente o que ele está anunciando.

A partir daí, uma mulher vestida de Carmen leva ao palco seus objetos, dançando, É seu fantasma. Apesar da roupa brilhante e as frutas na cabeça, não é carnavalesca. Se movimenta lentamente, ainda como no teatro japonês. E seu rosto está coberto por um pano preto. Finalmente, na última cena, há um grande carnaval com imagens de Carmen Miranda.

Tudo é muito estranho. Há quem chame de enganação. Há quem adore. De qualquer jeito, é de se esperar que a peça seja liberada em breve, para mais apresentações. Só assim, com mais gente vendo e dando sua opinião, a homenagem de Antunes Filho a Carmen Miranda terá seu veredito popular.

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