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Dois livros definitivos

Robert Fisk tem muito a dizer sobre o Oriente Médio e as barbaridades perpetradas pelo Ocidente na região. Suas pesquisas e experiências como correspondente estrangeiro do jornal The Independent renderam dois livros definitivos que, juntos, somam quase 2,5 mil páginas.

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À espera da hora do embarque no aeroporto de Heathrow, em Londres, o jornalista Robert Fisk estava sentado no terminal quatro. Com o canto do olho, percebeu um sujeito preparando uma panqueca no quiosque de lanches e viu quando o contato da massa com a frigideira quente criou uma nuvem de fumaça grande o suficiente para disparar o alarme de incêndio, que acabou acionando o alarme geral.

Em cinco minutos, havia 50 policiais com armas pesadas ordenando que todas as pessoas saíssem do terminal. "Este é um alerta terrorista!", diziam os auto-falantes do aeroporto.

"O que aconteceu foi que a maioria das pessoas não se mexeu. Eu não me mexi", lembra Fisk. "Eu até disse para um policial: ‘Era só uma panqueca!’, mas é esse tipo de coisa que a ‘Guerra contra o terror’ faz: nos deixa assustados, amedrontados, nos obriga a não carregar pasta de dente, não usar faca para cortar carne e a correr do terminal quatro quando uma panqueca queima."

No início deste mês, Fisk veio ao Brasil para lançar dois de seus livros "aparadores de porta": A Grande Guerra Pela Civilização – A Conquista do Oriente Médio (1.496 páginas) e Pobre Nação – As Guerras do Líbano no Século XX (966 páginas); e conversou com a imprensa durante a 5.ª Festa Literária Internacional de Parati.

Fisk é correspondente internacional do jornal londrino The Independent, vive há mais de três décadas no Oriente Médio e fixou residência no Líbano. "Eu vivo na parte muçulmana do Beirute, mas não cheguei lá com armas e tanques, então eu sou ok", comenta com humor.

"Eu acho que árabes e muçulmanos gostariam de um pouco da nossa democracia e de alguns ‘pacotes’ de direitos civis, mas acho que eles gostariam de um outro tipo de liberdade. Eles querem ser livres de nós (os ocidentais). E isso eu acho que nós não estamos dispostos a dar. Esse é um dos problemas."

O jornalista e escritor é uma das maiores referências vivas em assuntos relacionados ao Oriente Médio e tem um modo nervoso de falar – como se fosse um Woody Allen de sotaque britânico, embora não exista nenhum sinal de insegurança naquilo que diz. De certa forma, por mais rápido que fale (e ele fala muito rápido), Fisk parece incapaz de verbalizar todas as idéias que lhe ocorrem. Sobretudo quando o assunto é Oriente Médio.

"Eu odeio a palavra terror. Terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror! Ela é usada para legitimar absurdos como as que acontecem em Guantanamo (base militar americana para onde são enviados suspeitos de terrorismo, presos e torturados sem a necessidade de provas)."

Para Fisk, a invasão ocidental se explica pelo petróleo. "Porque se o produto de exportação do Iraque fosse batata, eu não acredito que os exércitos americano e britânico teriam organizado a invasão em 2003, teriam?", questiona o correspondente internacional mais premiado do planeta.

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