Chulos contra o sistema bruto

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De volta à cena há pouco mais de um ano, depois de um período de recolhimento para compor material novo, o Charme Chulo está perto de lançar seu terceiro CD. Mas a banda paranaense de rock caipira quer uma mãozinha do público para isso e faz hoje, no Wonka, o show de lançamento do financiamento coletivo do novo trabalho, que vai ser duplo e já tem nome definido – Crucificados pelo Sistema Bruto, referência à hegemonia da música sertaneja comercial no Brasil. O show faz parte do projeto Noite de Banda, e terá ainda os DJs André França e Guga Azevedo.

"Curtimos punk desde moleques e resolvemos brincar com o título do disco do Ratos de Porão, Crucificados pelo Sistema [1984]. Pensamos que sim, somos crucificados, mas pelo sistema bruto, já que o sertanejo universitário dominou tudo", explica o guitarrista Leandro Delmonico, citando o disco Aqui o Sistema É Bruto (2004), de Chitãozinho & Xororó.

Uma das saídas é justamente o chamado crowdfunding. O Charme Chulo pretende arrecadar R$ 30 mil até o dia 15 de maio (confira no site http://catarse.me/charmechulo). As contrapartidas vão do download antecipado do álbum (R$ 10) até o título de patrocinador oficial, com direito a ingressos para todos os shows da banda durante um ano (R$ 5 mil).

"O bacana é que não é uma ajuda por ajuda. Você está comprando um produto. Por isso, acho que o crowd­­funding é o futuro das bandas independentes", afirma Delmonico.

Amostras

Cinco músicas previstas para o novo álbum já entram no repertório deste show. Duas delas podem ser encontradas no YouTube – "Coisas Desesperadoras do Rock’n’Roll", lançada com clipe em fevereiro do ano passado, e "Ninguém Mandou Nascer Jacu", gravada ao vivo no projeto Studio Tenda cinco meses depois.

Entram também "Fuzar­­­ca", que a banda já vem apresentando ao vivo, e as inéditas "Palhaço de Rodeio" e "É Que às Vezes (Melhor É Morar na Fazenda)" – a primeira, definida como um encontro do Queen com Leandro & Leonardo; a segunda, pop, sobre o tema do caipira na cidade grande.

A amostra é representativa do que o próximo álbum vai trazer: novamente, fusão de rock com música caipira de raiz, que o Charme Chulo faz com identidade própria – de forma "mais pop e não tão rebuscada", conforme explica Delmonico.

O novo disco, no entanto, deve vir com referências mais "ousadas", do glam rock ao reggae, passando pela eletrônica, de acordo com o guitarrista.

"É um disco um pouco mais agressivo em todos os sentidos: direto nas letras e com um som mais pesado", explica o músico. "Mas, no geral, vai ter o pós-punk caipira de sempre."