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Talvez a realidade seja mais fascinante do que a ficção – ou, por vezes, mais absurda. É possível que esse suposto fascínio esteja ligado à premissa básica de qualquer história que se vende como "real", seja no cinema ou na literatura: o que se vê (ou lê) aconteceu de fato. O interesse do público por histórias reais, sobretudo aquelas com um pé em páginas policiais, fez do documentário um gênero comercialmente viável. Prova disso é a aposta do canal GNT em Morte na Escadaria.

Espécie de minissérie documentária dividida em oito episódios, a produção é dirigida por Jean-Xavier Lestrade e fala sobre um crime que, se não mobilizou a opinião pública americana, como conseguiu o julgamento de Michael Jackson, foi e ainda é discutido em fóruns da internet e universidades de Direito dos EUA.

No dia 9 de dezembro de 2001, na cidade de Durham, estado da Carolina do Norte (EUA), Michael Peterson ligou para o 911 (equivalente ao 190 brasileiro), avisando à polícia que havia chegado em casa e encontrado sua esposa gravemente ferida. Ela teria caído em uma escadaria e, quando os paramédicos chegaram, cinco minutos depois, Kathleen Peterson estava morta. Porém, algo não ficou bem explicado. Ao redor da vítima, a quantidade de sangue era fora-do-comum para um acidente doméstico como o descrito pelo marido.

Os investigadores não tinham dúvida, Peterson era o assassino de sua esposa. Uma semana depois, o jornalista e escritor não-publicado foi preso, acusado de cometer o crime. O veredito saiu no dia 10 de outubro de 2003, depois de quase um ano e dez meses de julgamento. Se você não quiser esperar até o último episódio da série – a ser exibido dia 28 de setembro – para saber se Peterson foi considerado inocente ou culpado das acusações, acesse www.courttv.com e confira o resultado. O site, bem à moda americana, tem até quiz sobre os julgamentos campeões de audiência.

Ao todo, promotoria e defesa usaram 65 testemunhas. David Rudolf, um dos melhores advogados criminalistas da Carolina do Norte e responsável pela defesa de Peterson, chamou especialistas para explicar o porquê do sangue e providenciou até uma simulação gráfica da queda sofrida por Kathleen, justificando todas as lacerações encontradas no corpo.

A acusação, na figura do promotor Jim Hardin, tripudiou sobre a intimidade do réu, escancarando o fato de ser bissexual e flertar com homens pela internet e fora dela. Chegou a levar o garoto de programa Brent Wolgamott para a corte a fim de desmoralizar Peterson, que era padrasto de Caitlin, filha única de Kathleen, e pai adotivo de outras duas meninas, filhas de uma amiga que havia morrido 15 anos antes, estranhamente, depois de cair em uma escadaria. A última pessoa a falar com ela foi Michael Peterson.

As coincidências entre as duas mortes, o papel da acusação e da defesa, mais a postura adotada pelo próprio réu e por outras pessoas envolvidas na história são alvos da câmera de Jean-Xavier de Lestrade. O francês tem gosto por expor as vísceras do sistema judiciário americano e venceu o Oscar em 2002 pelo documentário Assassinato em um Domingo, sobre um jovem negro americano acusado de assaltar e matar uma turista branca no hotel Ramada, de Jacksonville, estado da Flórida.

Serviço: Morte na Escadaria. Documentário em oito episódios de 45 minutos cada, exibidos pelo canal GNT (Net e Sky) sempre às quartas-feiras, às 21 horas. O primeiro vai ao ar amanhã. Reprises às quintas-feiras, às 12h30. Aos domingos, o canal exibe o episódio da semana, às 20 horas, antecedido pelo da semana anterior, às 19 horas.

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