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Brasília – Quatro longas-metragens em quatro anos. São números que transformam o jornalista e diretor Evaldo Mocarzel em um dos principais realizadores do país na área documental. O cineasta lançou na última quinta-feira, na mostra competitiva do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro 2005, À Margem do Concreto, mais um trabalho ligado a questões sociais do Brasil, área em que está especializando seu trabalho.

A carreira cinematográfica deste carioca radicado há muitos anos em São Paulo se iniciou apenas em 1999, com um curta-metragem realizado como conclusão de curso da New York Film Academy. Antes, Mocarzel, formado em Cinema e Jornalismo pela Universidade Federal Fluminense, trabalhara por mais de uma década no jornal O Estado de S. Paulo, oito anos como editor do Caderno 2, um dos principais suplementos culturais da imprensa nacional.

O filme "americano", intitulado Pictures in the Park, um thriller sobre um turista japonês que tenta fotografar um morador de rua, que por sua vez não gosta da idéia e decide perseguir o fotógrafo, serviu de inspiração para o primeiro documentário, À Margem da Imagem (2001), realizado inicialmente numa versão curta-metragem e depois em longa. O projeto tem uma particularidade: ao término da produção, Mocarzel pegou o material editado e o apresentou aos entrevistados. A reação dos moradores a sua imagem na tela grande foi incluída como seqüência final do documentário.O mesmo processo – realização de um filme curto primeiro e depois um documentário completo – foi repetido no segundo projeto, Mensageiras da Luz – Parteiras da Amazônia (2003).

No início deste ano, Mocarzel lançou Do Luta à Luta no Cine PE, tornando-se o grande vencedor do evento pernambucano – o filme também foi premiado no Festival de Gramado. A produção, feita em homenagem a sua filha Joana, fala sobre as crianças com Síndrome de Dawn, quebrando mitos e estereótipos, mostrando aos pais que elas têm possibilidades de ter uma vida normal. O recente À Margem do Concreto tem como foco o Movimento dos Sem-Teto em São Paulo.

"Para mim, o documentário é um híbrido de cinema e jornalismo. Mas não é uma reportagem, é um outro papo, não é preciso ouvir todos os lados em um documentário", afirma o diretor, que acha que o documentário é resultado de um atrito: o recorte tendencioso de uma pessoa (o cineasta) que tem um determinado olhar e o imponderável do tema, que nunca vai caber todo em um filme. "Pobre do documentarista que acha que vai encontrar a realidade nua e crua. O real vai surgir a partir da manipulação que se faz de um todo, há desde o recorte tendencioso do documentarista até a artificialidade da pessoa diante da câmera, ela se auto-interpreta. O documentarista tem que ter a malícia de perceber isso", observa.

O repórter viajou a convite do Festival de Brasília.

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