Sessão do Cineclube da Cinemateca, um dos mais tradicionais de Curitiba| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Quem nunca saiu intrigado, inquieto de uma sessão de cinema? Com vontade de analisar novamente cada detalhe de uma cena marcante ou mesmo garimpar e debater as referências do roteiro na companhia de outros cinéfilos tão atentos quanto você? Os cineclubes – espaços organizados segundo um estatuto definido com a finalidade de exibir e aprofundar o olhar sobre obras cinematográficas em diferentes níveis, conduzindo o entendimento do público para além da questão do entretenimento – podem ser uma espécie de oásis para quem possui esse perfil.

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A ideia por trás desses espaços nasceu na França dos anos 1920, por iniciativa de Louis Delluc, à época responsável pela publicação da revista Ciné Club. No Brasil, os cineclubes sobreviveriam a períodos de cerceamento da cultura durante o regime militar como forma de contribuir para a consolidação de uma identidade cultural brasileira, e desde a criação do carioca Chaplin Club, em 1928, se espalhariam por todo o país, existindo atualmente em mais de 700 cidades, segundo levantamento de 2015 da Secretaria do Audiovisual, do Ministério da Cultura.

Curitiba é uma cidade bastante ativa dentro do cenário do cineclubismo do Sul do país. Para promover o encontro desses espaços com os amantes da sétima arte, mapeamos algumas das principais iniciativas cineclubistas em atividade na capital paranaense. Confira:

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Aliança Francesa

Aliando clássicos dos anos 60 aos 90 e filmes contemporâneos, o Cineclube da Aliança Francesa surgiu para atender aos pedidos dos próprios alunos, que desejavam ter acesso a obras cinematográficas das mais diversas correntes culturais.

Os encontros, no entanto, cuja programação é organizada pelos professores Viviane Ribeiro e Leandro Guimarães, são abertos ao público e sucedidos de um debate a respeito da obra e do contexto da época em que estava inserida.

Bertrand Lacour, diretor da Aliança Francesa e idealizador do projeto, destaca que “o cinema sempre foi uma excelente vitrine para a riqueza da cultura dos países francófonos [que têm o francês como idioma]”. “Atualmente são 46 países e a produção cinematográfica de cada um deles revela suas nuances”, diz.

Onde: Cinemateca de Curitiba (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 – São Francisco)

Quando: a cada dois sábados, às 16h

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Entrada gratuita

Informações: no site da Aliança Francesa.

Centro Cultural da Espanha

Também com o objetivo de disseminar a cultura – nesse caso a hispano-americana – o Centro Cultural da Espanha idealizou um cineclube que serve de vitrine para a produção cinematográfica dessas localidades, que dificilmente entram no circuito comercial tradicional.

Com encontros mensais e uma agenda que conta com alguns eventos fixos ao longo do ano – Mostra Hispanidade Vai ao Cinema, Mostra de Cinema Chileno, Argentino, entre outros – o cineclube não apresenta um caráter temático, com uma curadoria que mescla produções contemporâneas e tradicionais.

Rafaela Marengo, responsável pelo projeto, destaca que o cinema hispano-americano tem um forte compromisso com o realismo, servindo como um espelho da visão do diretor sobre o momento daquela localidade onde a produção se realiza. “Por isso e pela proximidade cultural, o público demonstra grande empatia e identificação com o que é retratado na tela, o que explica o sucesso das sessões lotadas”, comemora.

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Onde: Cinemateca de Curitiba (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 – São Francisco)

Quando: Encontros mensais (sempre em uma sexta-feira, às 19h)

Entrada gratuita

Informações: no site do Centro Cultural da Espanha.

Miguel Haoni e Letícia Weber, coordenadores do Cineclube da Cinemateca. 
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Cineclube da Cinemateca

Em março, o cineclube mais tradicional de Curitiba comemora três anos sob a atual direção, a cargo de Miguel Haoni e Letícia Weber. A iniciativa começou como parte das atividades do Coletivo Atalante, grupo formado em 2012 congregando ações de arte-educação. O coletivo perdeu força, mas as sessões de cinema prosseguiram e, em 2014, passaram a acontecer fixamente na Cinemateca.

“O que nos interessa é fugir da lógica que prende a relação fugaz da maioria das pessoas com o cinema. Selecionamos títulos que consideramos valioso levar a público e trazer para uma reflexão maior”, explica Miguel. Para isso, são realizados ciclos voltados a autores e diretores. Desde nomes de Hollywood, como Paul Verhoeven, a representantes do cinema autoral, como o francês Eric Rohmer, homenageado neste mês de aniversário do cineclube.

Onde: Cinemateca de Curitiba (R. Presidente Carlos Cavalcanti, 1174)

Quando: sábados, às 16h.

Entrada gratuita

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Informações: no site do Coletivo Atalante.

Cine FAP

Uma das mais longevas iniciativas do segmento em Curitiba, o cineclube da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) permanece em atividade há 12 anos desde a sua criação pelos ex-docentes da instituição Ivanise e Demian Garcia. Idealizado inicialmente com encontros temáticos, atualmente a programação é definida de forma coletiva.

O cineasta e professor Eduardo Baggio – atual coordenador do grupo – ressalta que um dos pontos positivos do cineclube é “trazer uma visão mais aprofundada das possibilidades de linguagem do cinema, tanto para aqueles que circulam no meio acadêmico quanto aos que apenas acompanham as sessões”. Para ele, o cinema comercial é muito atrelado às questões mercadológicas. “As experiências das exibições em cineclubes estão mais relacionadas a um pensar cinematográfico em todas as suas perspectivas, inclusive sociais”, completa.

Onde: Auditório FAP Unespar (R. dos Funcionários, 1357 – Cabral)

Quando: Todas as segundas, às 19h

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Entrada gratuita

Informações:no Facebook.

Dharma Com Pipoca

Em harmonia com a busca pelo autoconhecimento, o Centro de Estudos Budistas Bodisatva organiza encontros mensais em que, através de obras cinematográficas que dialoguem com os anseios e aflições do indivíduo contemporâneo, seja possível promover debates mediados capazes de auxiliar os participantes a alcançar um maior nível de entendimento do Samsara – fluxo de experiências cíclicas do qual, segundo a filosofia budista, o indivíduo deve buscar libertar-se através da iluminação interior.

A coordenadora do CEBB, Bernadete Brandão, aponta que é através da emoção que o filme desperta que o indivíduo entra em contato com suas questões internas. “Cada vez que se percebe que emoções como raiva ou desejo e apego são estimuladas, é possível observá-las, trabalhar sua origem e ultrapassá-las, em um processo que tem como resultado final o amor e a compaixão”, reflete.

Onde: Centro de Estudos Budistas Bodisatva (R. Conselheiro Carrão, 1155 – Alto da XV)

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Quando: Encontros mensais agendados

Contribuição sugerida: R$ 10

Informações: no site do Centro de Estudos Budistas Bodisatva.

Cineclube Sesi

Quem quer ir além do cinema apenas para se entreter e comer pipoca pode conhecer um pouco mais sobre a sétima arte através do Cineclube Sesi, que realiza sessões semanais em Curitiba e São José dos Pinhais. A seleção dos filmes é feita por um curador, que busca levar ao público títulos que permitam suscitar discussões ligadas tanto à temática quanto à técnica cinematográfica.

“A ideia é promover ciclos temáticos que permitam ao público assistir ao filme e, na sequência, debater com um crítico”, explica Fulton Nogueira, coordenador do projeto. Para esse ano a programação ainda não foi definida, mas a retomada das sessões está confirmada para o mês de abril.

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Onde: Sesi Curitiba (R. Cândido de Abreu, 200) e São José dos Pinhais (R. XV de Novembro, 1800)

Quando: Todas as quartas (São José dos Pinhais) e quintas (Curitiba), às 19h.

Entrada gratuita

Informações: no site do Sesi

 
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Cine de Terça – Antropofocus

Especialmente dedicado aos filmes de comédia, o Cine de Terça foi idealizado para compartilhar com o público a pesquisa e o debate que ancoram a produção dos espetáculos teatrais do grupo Antropofocus.

Na sessão inaugural, ocorrida em fevereiro, a organização optou por debater o clássico “A Vida de Brian”, do grupo de humor inglês Monty Python. Andrei Moscheto, diretor do grupo, lembra que “a escolha das obras está relacionada à importância delas para a formação do próprio grupo, tanto no entendimento da comédia quanto no próprio processo de concepção dos espetáculos”.

O debate ocorre com a presença de mediadores – e num futuro próximo de cinéfilos convidados – proeminentes no cenário do cinema curitibano.

Onde: Espaço Antropofocus (Av. Sete de Setembro 2620, 1º andar)

Quando: Terças-feiras agendadas, às 21h.

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Entrada gratuita (sob agendamento)

Informações: no Facebook.

CineSesc, CineDocs e Cine Esquina

Dentre os cineclubes de Curitiba, o Sesc tem a programação mais intensa, abraçando os mais variados gêneros e nacionalidades. Nas duas unidades (Paço da Liberdade e Sesc da Esquina), são nada menos que sete sessões semanais. No Paço, o CineSesc reserva o mês de março para filmes nacionais aos sábados e cinematografias alternativas às terças. Já o Cine Docs, às quintas, é destinado a documentários.

No Sesc da Esquina, o público pode escolher o melhor horário para ver filmes alternativos às terças e quintas, ao meio-dia ou às 18h. Segundo a organização, o intuito é priorizar “produções que não encontram espaço ou já não estão no meio comercial tradicional de distribuição e exibição.”

Onde: Paço da Liberdade (Praça Generoso Marques, 189) e Sesc da Esquina (R. Visconde do Rio Branco, 969)

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Quando: CineSesc (Paço): terças, 19h, e sábados, 16h; Cine Docs (Paço): quintas, 19h; Cine Esquina: terças e quintas, 12h e 18h.

Entrada gratuita

Informações: no site do Sesc.

Cineclube Espoletta

Um dos mais longevos cineclubes da cidade, o Espoletta nasceu em 2011, criado pelo cineasta Beto Carminatti. Atualmente, o projeto segue sob a coordenação do Museu Guido Viaro, onde acontecem semanalmente as sessões, sempre seguidas de um debate. “Não temos um critério fixo para seleção dos filmes. Procuramos exibir produções fora do circuito comercial, mas nada muito hermético”, diz o diretor do museu, Guido Viaro.

Somente o acervo do próprio museu conta com quase 300 filmes, mas as exibições não se restringem a esse catálogo. Muitos dos filmes são locados ou emprestados para assegurar uma variedade maior. “A participação do público varia, mas sempre temos pessoas diferentes participando”, destaca Guido.

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Onde: Museu Guido Viaro (R. XV de Novembro, 1348)

Quando: sábados, às 17h30

Entrada gratuita

Informações: no blog Cinema em Curitiba.

Cineclube do Cinema Brasileiro

As sessões no Cine Guarani, no Portão Cultural, não têm ocorrido com uma periodicidade definida, mas mesmo assim têm sido uma boa oportunidade para o público conhecer mais da produção nacional. Especialmente a mais recente e que acaba tendo exibição restrita (ou nenhuma) no circuito comercial. Tanto em fevereiro quanto em março foram duas sessões, em semanas consecutivas. A próxima está programada para este sábado (18), às 16 horas, quando será exibido “Campo Grande”, de Sandra Kogut, que ficou entre os filmes que pleitearam a vaga brasileira para o Oscar de filme estrangeiro.

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Onde: Cine Guarani (Portão Cultural - Av. República Argentina, 3430)

Quando: não há periodicidade definida, mas as sessões acontecem aos sábados, às 16h.

Entrada gratuita

Informações: no site da Fundação Cultural de Curitiba.