
Uma volta ao mundo em aproximadamente 90 filmes. Apesar do chavão, a frase se aproxima do espírito da 5ª edição do festival Olhar de Cinema, que começa nesta quarta-feira (8) em Curitiba. Mais do que oferecer ao público a oportunidade de conhecer uma filmografia fora do circuito comercial, o evento faz jus ao nome, apresentando olhares sobre temas atuais, como imigração, protagonismo feminino, preconceito e transformação social.
A abertura será às 20h30 no Espaço Itaú com o filme “Operação Avalanche”, do americano Matt Johnson, que transporta o espectador para 1967, período da Guerra Fria. Numa época em que a disputa ideológica voltou a acirrar os ânimos nas redes sociais, vale acompanhar a história de agentes da CIA infiltrados em uma missão espacial para desmascarar um espião russo.
Na Mostra Competitiva, a principal do festival, serão dez longas de oito países. Três deles são brasileiros: “A Cidade do Futuro”, de Cláudio Marques e Marília Hughes, retrata um triângulo amoroso fora dos padrões no interior da Bahia; “Eles Vieram e Roubaram sua Alma”, de Daniel de Bem, tem como protagonistas dois amigos que registram o cotidiano em VHS; e “O Estranho Caso de Ezequiel”, de Guto Parente, promete intrigar o espectador com a história de um homem vitimado por um fenômeno que muda sua vida.
De outras partes do mundo vêm histórias não menos diversas. O documentário “Gulîstan, Terra de Rosas”, da canadense Zaynê Akyol, enfoca a luta de um grupo revolucionário de mulheres curdas contra o Estado Islâmico. O austríaco “Irmãos da Noite”, de Patric Chiha, acompanha a vida desregrada de ciganos búlgaros pelos subúrbios de Viena. Já “Um Outro Ano”, de Shengze Zhu, usa registros de jantares de família para costurar um retrato social e cultural da China contemporânea.
Apenas alguns exemplos da diversidade que vai permear os nove dias do Olhar de Cinema. Para Antonio Junior, um dos organizadores, uma vitória, já que as dificuldades financeiras ameaçaram o festival. “Conseguimos manter não apenas o número de filmes das edições anteriores, mas, sobretudo, a qualidade”, destaca. De acordo com ele, a grande maioria das produções é inédita, algumas fazendo sua estreia mundial ou na América Latina.
No encerramento, dia 18, será exibido pela primeira vez no Brasil “A Comunidade”, de Thomas Vinterberg, passado na década de 60. O diretor dinamarquês encabeçou na década de 1990 , ao lado de Lars Von Trier, o movimento Dogma, que propunha um cinema sem artificialismos.



