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“Malala”: sozinha contra todos os talibãs no Paquistão. | Divulgação
“Malala”: sozinha contra todos os talibãs no Paquistão.| Foto: Divulgação

Uma triste coincidência fez com que na última sexta-feira 13, horas antes dos terríveis atentados em Paris, eu assistisse ao documentário “Malala”. Não que haja alguma relação direta entre os episódios da capital francesa e a história da jovem ativista paquistanesa. Mas é inevitável o sentimento de desolação quando se conhece a trajetória de alguém tão empenhado em combater a intolerância, para pouco tempo depois, ver a violência se sobrepor.

Malala Yousafzai tinha 15 anos quando, em 2012, foi vítima de um ataque do grupo extremista talibã a um ônibus escolar. Foi alvejada com três tiros, permaneceu dias em coma, mas sobreviveu.

O motivo do ataque foi a insistência da garota em contrariar a determinação dos talibãs, que proíbem mulheres de frequentar a escola. A adolescente não apenas ia às aulas, como passou a levantar a voz publicamente em favor da causa.

Dois anos depois do ataque, em 2014, ganhou o prêmio Nobel da Paz.

Antes de qualquer coisa, “Malala” mostra que o foco não é uma super-heroína. As primeiras cenas mostram uma garota como tantas outras em casa, rindo e fazendo gozações com os irmãos mais novos. Revelam um pai orgulhoso e uma mãe discreta, que aos poucos vão ajudando a entender de onde veio a determinação da jovem.

O diretor

Além de “Malala”, que estreia nesta quinta-feira (19), Davis Guggenheim fez os filmes “Uma Verdade Inconveniente” e “A Todo Volume” . O documentário sobre a ativista paquistanesa conta a história dela de forma simples e sensível.

Imagens de animação são usadas para representar como era a vida da família no Paquistão, um país cujo território é dominado pela milícia talibã, que impõe regras severas e abusa da violência. Os próprios pais de Malala acreditavam de início nas boas intenções do mulá Fazlullah, líder extremista que impôs um regime de terror, culminando no ataque que vitimou a estudante.

O grande trunfo de “Malala” para cativar o espectador é alternar o peso do documentário político com o perfil humano. Se por um lado observamos uma trajetória tensa, de perseguição e violência, por outro reconhecemos na paquistanesa uma menina simples, em dúvida sobre como mudar o mundo, que fica tímida quando perguntada sobre namoro e se revela fã de Paulo Coelho (“‘O Alquimista’ é o meu livro preferido de todos”, diz).

A violência que vitimou Malala é a mesma que aterrorizou Paris, injustificável, fruto unicamente da intolerância. Assistir ao documentário pode ser um alento, de que ainda existe humanidade e esperança, possíveis de se sobrepor ao caos.

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