A ideia de que uma baleia pudesse afundar um navio era péssima para os negócios do império baleeiro montado na costa leste dos Estados Unidos no século 19.
- Comédia nacional “Bem Casados” não arrisca
- “A Visita” brinca com a paranoia de envelhecer
- ‘Batman vs Superman’ ganha trailer com Lex Luthor e Mulher Maravilha
Usado na iluminação pública e na lubrificação das máquinas industriais, o óleo de baleia era a principal commodity, o pilar do capitalismo americano da época.
Assim, quando o navio Essex foi a pique nas águas do Atlântico Sul em 1820, após ser atacado por uma baleia cachalote gigante, as investigações foram manipuladas para que esta história nunca fosse contada.
Não deu certo. A história não só veio a público, como veio nas páginas escritas por Herman Melville em sua obra-prima “Moby Dick” (1851).
São estas duas histórias, a do naufrágio do Essex e a do livro célebre, que estão no filme “No Coração do Mar”, que chega às telas pelas mãos do diretor Ron Howard (de “Apollo 13” e “Uma Mente Brilhante”, que lhe rendeu o Oscar em 2001).
Confira no Guia onde assistir ao filme
Duas Histórias
Howard opta por criar duas linguagens bem diferentes para filmar as cenas marítimas. Nos momentos de calmaria e do martírio pós-naufrágio, a fotografia é hiper-realista. Nas cenas de tempestade e de caça à baleia, o visual se torna fantástico, com uma estética que cresce se vista em 3D e IMAX. Na verdade, o diretor faz um filme inteiro ambíguo entre entretenimento e reflexão; entre épico e blockbuster de ação. E assim conta não uma, mas duas grandes histórias.
Relatos
O roteiro do filme, escrito por Charles Leavitt, adapta o premiado livro homônimo que detalha os acontecimentos trágicos vividos pela tripulação do Essex.
O filme, no entanto, parte de um fictício encontro de Melville e um dos tripulantes sobreviventes. Em troca de algum dinheiro, ele conta suas memórias ao escritor fazendo a ligação entre o naufrágio real e o ficcional.
Na verdade, Melville usou relatos de outros sobreviventes e sua própria experiência em um baleeiro para escrever “Moby Dick”.O recurso usado pelo roteiro, porém, funciona bem.
A trama é centrada no confronto entre o capitão do barco, George Pollard (Benjamin Walker, de “Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros”), e o primeiro imediato Owen Chase (Chris Hemsworth, de “Thor”).
Pollard é um comandante de primeira viagem, função que ocupa apenas por ser filho da poderosa família dona do barco que preteriu Chase, um baleeiro experiente.
A péssima a relação dos dois dentro do Essex expõe a tripulação aos riscos do alto mar, mas os dois resolvem se unir para caçaram a grande cachalote que segundo relatos de outros marujos aterroriza uma região remota do Pacífico.
Surge então o grande personagem do filme, a baleia gigante. Astuta e vingativa como no livro de Melville. Castigo da natureza contra a ganancia desmedida dos baleeiros.
A maior parte do filme , no entanto, narra o naufrágio que durou três meses e tem momentos extremos de luta pela sobrevivência que incluem assassinato e canibalismo.
*
Assista ao trailer: