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Matheus Nachtergaele vive o motorista de um caminhão limpa fossa em “Big Jato”. | Divulgação
Matheus Nachtergaele vive o motorista de um caminhão limpa fossa em “Big Jato”.| Foto: Divulgação

Os primeiros filmes do pernambucano Claudio Assis estão longe de um cinema feito para agradar multidões. “Amarelo Manga” e “Baixio das Bestas” são filmes que incomodam, de certa forma até agridem o espectador, com suas histórias de violência, exploração, degradação social e humana. Por isso, causou surpresa quando “Big Jato” foi apresentado no Festival de Brasília do ano passado, de onde saiu com o prêmio de melhor filme.

A atmosfera pesada dos filmes anteriores foi substituída por uma narrativa onírica, centrada na relação de pai e filho. “Big Jato”, que estreia esta semana em Curitiba, é baseado no livro homônimo do cronista Xico Sá, que escreveu a história com base em suas memórias de infância no interior do Ceará.

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“Xico e eu somos grandes amigos, chegamos juntos ao Recife e hoje ele é padrinho do meu filho. A história dele tem muito em comum com a minha”, contou Claudio Assis à Gazeta do Povo. No filme, Francisco é um adolescente que trabalha com o pai (Matheus Nachtergaele) em um caminhão limpa fossa. Enquanto o pai insiste que ele estude aritmética, o garoto prefere seguir os passos do tio Nelson (também interpretado por Matheus) e sonha se tornar poeta.

Ousadia

Para Claudio Assis, falta ao cinema brasileiro uma dose maior de ousadia. “Estão tentando fazer filmes para determinados nichos. Falta o direito de errar, de fazer uma coisa com mais sentimento”.

O diretor reconhece que, diferente de suas produções anteriores, cruas e realistas, dessa vez construiu uma fábula do sertão. “Mas o DNA continua lá”, ressalta. Por “DNA”, pode-se considerar o cenário de desolação onde os personagens vivem. A família de Francisco trabalha recolhendo dejetos, em uma cidade em que o lazer dos adultos se resume, basicamente, à bebida e à prostituição. “Esse desejo de ir embora, de fugir de um lugar é um sentimento universal”, acrescenta Assis.

Legião recifense

Claudio Assis é um dos expoentes da cena cinematográfica de Recife, de onde saiu também Kléber Mendonça Filho, que fez sucesso no último Festival de Cannes com “Aquarius”.

Para o pernambucano, um dos fatores que fazem a diferença na cidade é a união entre artistas de diferentes áreas, como cinema, música, literatura e artes plásticas. “Todos têm uma vontade muito grande e um acaba influenciando a arte do outro”, diz.

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