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O sexteto Molungo parece da velha guarda de tão consistentes, mas são jovens na interpretação e na mistura | Divulgação
O sexteto Molungo parece da velha guarda de tão consistentes, mas são jovens na interpretação e na mistura| Foto: Divulgação

Neste final de ano me chega um grande disco. Molungo é o nome da bolachinha e também da banda que reúne gente muito boa de Curitiba. Gente que estava separada e decidiu se juntar para fazer um trabalho de primeira. São eles: Carlito Birolli, Caio Guimarães, Cauê Menandro, Guilherme Handa, Iria Braga e Luiz Piazzetta. Não adianta falar dos instrumentos de cada um, porque eles passeiam por vários, mas fica mais ou menos assim: violões, baixo, percussão e vozes – além de alguns sopros convidados no disco e nos shows.

O grupo reuniu-se sob o mesmo nome e projeto neste ano que quase finda, mas foi um casamento musical digno de elogio. Parece já um trabalho longo e consistente, desses que não se vê muito por aí.

Não dá para dizer que o CD está perfeito, porque as letras ainda têm falhas, mas contam já com o auxílio do poeta Luiz Felipe Leprevost em algumas delas. O disco chegou às minhas mãos e ouvidos na segunda-feira, pouco antes de cometer estas mal traçadas. Escrevo, portanto, de primeira ouvida sobre essa grata revelação (novidade para mim, que sou meio desinformado, pois a banda já tem quase um ano e fez shows pela cidade).

O grupo reúne ritmos brasileiros à base de cordas e coros – samba, maracatu, xote, ritmos africanos e por aí vai, caindo por vezes mais para o afrosamba que lembra Baden e Vinicius, e também passando pelo samba funk ou samba rock de Benjor ou Seu Jorge.

O interessante é que não trilham o fácil caminho da modinha do "novo samba", ou do "forró universitário", que são diluições de quem não sabe tocar direito. Por isso que digo que parecem da velha guarda de tão consistentes, mas são jovens na interpretação e na mistura. Segurança de quem tem domínio da arte somada a risco e aventura próprios dos jovens.

Fiquei muito feliz por ter recebido o disco, mas fico também triste porque sei que vocês não vão ouvi-lo nos rádios de Curitiba. Talvez seja mais fácil ouvir o trabalho do grupo em rádios de Londrina, de Maringá, de Foz do Iguaçu, nas boas emissoras de toda Santa Catarina. Porém, aqui por Curitiba, a gente sabe do preconceito que a música paranaense sofre – as cada vez mais raras exceções só confirmam a regra. De outra vez que falei aqui das rádios curitibanas, recebi e-mails de radialistas apontando alguns programas em que se pode ouvir música paranaense. Pensei que talvez pudesse ter exagerado e passei a ouvir intensamente as rádios indicadas. Tirando a Educativa FM, foi muito, mas muito muito difícil mesmo escutar música paranaense na programação normal das rádios curitibanas. Que pena. Que 2010 seja melhor!

Mas não desanimem meus poucos leitores amantes da boa música. A internet está aí e o Molungo tem MySpace (http://www.myspace.com/grupomolungo) e, por ali, dá para escutar algumas músicas do disco. Além disso, ele fará um show agora, na próxima sexta-feira, dia 11, no John Bull Music Hall (Rua Engenheiros Rebouças, 1.645). Com certeza eles devem levar lá alguns discos para vender.

O CD foi feito às próprias custas, sem auxílio de Lei de Incentivo à Cultura, coisa difícil de encontrar hoje em dia. Gente boa que teve a força de bambas como André Abujamra na ótima e engraçada "Dinheiro" – que tem um quê de música do Premeditando o Breque e do próprio Abujamra – e Claudio Menandro multi-istrumentista das cordas (cavaquinho, na bela "Esses Caras"; viola caipira e rabeca, no xote "Pra Quê?" e rabeca, em "Coco Arruaceiro").

Os integrantes são bons instrumentistas, mas as vozes merecem comentário. Carlito e Cauê fazem um revezamento nos solos masculinos e se complementam no timbre e harmonicamente. Por seu lado, Iria Braga dá show em suas interpretações-solo, como em "Corda" e "Esses Caras". Mas nota-se que há a preocupação com os arranjos vocais em todas as faixas, ainda que simples. Enfim, é um disco bem cuidado, bem tocado e bem cantado. Pena que não vamos ouvi-lo em nossas rádios (a não ser que comecemos a cobrar dos nossos radialistas, como estou fazendo aqui e espero que vocês me apoiem).

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