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A Inimitável Fábrica de Jipes, banda de Maringá, lança novo álbum | Ricardo Lopes
A Inimitável Fábrica de Jipes, banda de Maringá, lança novo álbum| Foto: Ricardo Lopes
  • A capa do álbum, Quando o Caos É a Regra e a Ordem Exceção, dA Inimitável Fábrica de jipes

A banda maringaense A Inimitável Fábrica de Jipes manteve a tradição de a cada dois anos lançar um novo trabalho. Depois de O Dia Em Que Seremos Todos Felizes, de 2006, Canções Despedaçadas Para Juntar os Cacos, de 2008, e o disco e DVD Inimitável ao Vivo no Sesc Mariana, de 2010, já está disponível para baixar no site da banda (www.inimitavel.com) Quando o Caos é a Regra e a Ordem Exceção.

Consideremos que o Ao Vivo é um resumo dos dois primeiros, então Caos, lançado agora, completa uma trilogia que, como escreve Rafael Souza, o líder e fundador da banda, na contracapa do CD, é um trabalho de encerramento – pensemos na palavra em vários sentidos, já explico.

Para quem, infelizmente, ainda não conhece as canções da Inimitável. Vamos resumir e reduzir dizendo que a banda une como poucas o rock e a poesia. O trabalho agora lançado, antes de ser disco, foi livro. Rafael é um engenheiro das palavras. O doutor e professor em engenharia é um poeta, um músico poeta. Portanto, vindo dele, é absolutamente coerente um livro chamado Poesiaacústicodinâmica, do qual vieram todas as letras de Quando o Caos é a Regra e a Ordem Exceção, que tem uma música chamada "Despertando parafusos".

É um trabalho de encerramento (e voltamos à palavra) primeiro porque encerra a trilogia de "álbuns com nomes longos", como Rafael Souza escreveu na contracapa. É difícil ouvir no rock brasileiro de hoje uma proposta tão coesa do começo ao fim de um disco, quanto mais de três discos inteiros.

No texto da contracapa, logo após ser confessional e admitir que "um filho muda muito a vida da gente", questiona: "Como continuar empunhando uma guitarra com a mesma fé de outrora sem ser repetitivo?", e promete: "A gente segue fazendo a nossa parte, apesar da invisibilidade e do caos. Mas, como diria Sócrates, ‘mais importante do que ser popular é defender suas próprias ideias’. Nisso somos ímpares".

O disco, assim como nos anteriores, traz essa sensação de deslocamento, de não pertencimento, mas, ao mesmo tempo, segue na busca pela integração, o que é bem diferente da adesão. Alguns trechos de letras exemplificam melhor este parágrafo:

"Mas se você disser que sim/ que vai tentar sorrir até mesmo quando vier o caos/ Daí é bem capaz,/ eu querer abandonar/ Minha natureza solitária/ para poder me aglutinar", está em "Atitude Kamikaze".

"Só leio livros que ninguém lê/ Escuto os discos/ que ninguém tem. Prefiro os filmes lado B/ Vou ao teatro, não tenho TV// Nunca vou ser canção popular/ Nem vou querer mudar. Prefiro ser poema impopular/ Do que fazer parte da manada", em "Inércia em massa".

"Você dorme quando o sol acorda/ e se levanta quando a lua vem/ sua vergonha é um playground/ De solitários que você conhece bem// Ala pública de solidão/ Solidão, aquilo que você não quer", de "Ala Pública".

Ao mesmo tempo em que a poesia é o ponto alto do álbum, ela encarcera (encerra, para voltarmos à palavra) o trabalho musical das 11 canções. Deixa pouco espaço para experimentações sonoras e as canções ficaram mais cruas, menos musicalmente criativas. Algo natural para um disco que nasceu de um livro. Nada que comprometa este lançamento, principalmente se o compararmos à média do atual rock nacional.

A roupagem musical, um ritmo aberto, ajuda a desencarcerar a poesia. Expõe, empurra para fora o encerramento – de novo a palavrinha – das letras. As canções são inundadas por guitarras distorcidas, o que faz parte da estética pretendida, pois, como gosta de repetir Rafael: "O rock salva!"

@@ O Vocal Curitibôcas – O grupo fará um turnê por Portugal de 13 a 22 de abril, a convite da Universidade de Coimbra. Antes, a prévia do show "Brasil Pandeiro" será apresentada hoje no palco do Curitiba Comedy Club, às 21 horas.

@@ Synthpop – Maio será o mês de lançamentos de bandas curitibanas de synthpop. No dia 5, a Chanceller lança o CD Painted In Black. No dia 21 de maio acontecerá o aguardado lançamento do álbum Find Your Own Way Home, do duo Mixtape, que promete liberar um novo single a cada semana, a partir desta sexta-feira. Voltarei a escrever sobre esses trabalhos.

@@ A cantora e compositora Mônica Bezerra disponibilizou na internet a versão de "Mútuo", música gravada ao vivo para o programa Acústico Mundo Livre (soundcloud.com/monicabezerra/mutuoacustico).

@@ O Projeto Playing 4 Curitiba escolhe no próximo sábado, no Brooklyn Coffe Shop, a terceira música a ser gravada. Estão abertas as inscrições. Depois do sucesso de "Ai Ai Ai", de Mauro Barbosa, já começaram as gravações de "Menino desta nação", da Namastê.

@@ A banda Subburbia é a convidada desta quinta-feira no James Sessions, do James Bar.

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