Rogéria Holtz NaTocaia; Nasca com muito groove

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A voz contralto "a capella" troveja os dois primeiros versos de Leminski: "Aqui estou eu pra te proteger/ dos perigos da noite e do dia". O prato da bateria treme e introduz um piano dedilhado e um baixo e guitarras cuidadosos, quase um contraste com o início de voz poderosa. Tudo muda suavemente para o suingue e a canção ainda passará por um quê de ritmo brasileiro até o clímax de um jazz/rock. É a união da voz de Rogéria Holtz com o instrumental do Grupo NaTocaia no início do disco que marca esse grande encontro da música do Paraná.

Não é propriamente novidade pois já fizeram apresentações anteriores, inclusive na Oficina de Música de Curitiba deste ano. Agora acaba de sair o registro do encontro em disco e amanhã, às 20 horas, no Canal da Música, consagra-se novamente essa preciosa reunião. Será o primeiro show com disco presente. Imperdível.

O trabalho Rogéria Holtz NaTocaia é voz instrumental, é instrumentos em harmonia. É um trabalho para quem gosta de cantoras. É um trabalho para quem gosta de música instrumental. É um trabalho para quem gosta de jazz. É um trabalho para quem gosta de MPB. Não, esqueça as últimas e repetitivas frases e resuma tudo apenas nessa: É um trabalho para quem gosta de música.

NaTocaia é hoje uma dos grandes grupos instrumentais do Brasil. Formado por Endrigo Bettega (bateria), Glaudo Sölter (baixo), Jeff Sabbag (teclados) e Mario Conde (violão e guitarra), acumula inúmeras apresentações internacionais. Ter o grupo em um disco de cantora, é um privilégio para Rogéria Holtz. Ela não se intimida e, com seu vozeirão, quase transforma a banda em quinteto tal a sintonia entre voz e instrumentos. Além disso, Rogéria se expõe também como compositora.

O repertório escolhido auxilia o encontro. Depois de abrir com "Santa Maria" (Leminski), enfileira "44" (Carlos Careqa), "Milagre dos Peixes" (Milton Nascimento e Fernando Brant), "Acalanto" (música de Sérgio Machado, Rogéria Holtz e Danny Calixto sobre poema de Marcelo Sandmann), "Beiral" (Djavan), "Dois em Um" (Zé Miguel Wisnik e Alice Ruiz), "Cicatriz" (Wellington Wella), "Choro Romântico" (Waltel Branco, Rogéria Holtz e Etel Frota), "Estrela Cadente" (Rogéria Holtz e Marcos Pamplona), "Quando o Tempo" (Sergio Justen), "Camarim" (Cartola e Hermínio Bello de Carvalho), "Céu e Blues" (Marcelo Sandmann e Benito Rodrigues), "Cacos" (Rogéria Holtz e Estrela Leminski), encerrando com a versão instrumental de "Choro Romântico".

Fazer música em Curitiba é uma guerra de tocaia. É preciso ficar na espreita para atacar quando aparecer uma brecha. É preciso paciência e nunca desistir. Então, no inesperado, na guarda baixa, surpreende-se o desavisado com uma pérola sonora como é esse encontro de Rogéria Holtz e NaTocaia.

Nasca

O músico Otto Nascarella, agora atendendo apenas como Nasca, depois de sete anos morando em Londres, onde criou a Saravah Soul e com ela lançou dois discos, se fixou novamente no Brasil. Agora no Rio de Janeiro, e, depois de dois anos de readaptação, está prestes a lançar um compacto com dois singles: "Onde Vai Dar", composição dele mesmo e uma versão matadora de "Dia de Índio" (Jorge Ben Jor).

Ele continua na trilha do Saravah, tocando música brasileira com muito groove e balanço, fazendo um som altamente dançante. Agora, como diz, está "hackeando bandas", isto é, trabalhando com parcerias musicais, sem uma banda própria por enquanto.

Neste retorno às gravações, as parcerias são, entre outras, com a banda Eko Afrobeat, de São Paulo, Coral Curumim, de Curitiba, e com músicos como Sérgio Freire (sax tenor e barítono) e Rogério Leitum (trompete) que deram um groove especial, numa versão afrobeat de "Dia de Índio".

Mas isso é só o começo, como Nasca explica: "O single é apenas o aperitivo para o que ainda está por vir em 2014. A partir de junho, vou lançar um projeto de crowd­funding para arrecadar fundos para a gravação de mais cinco faixas que completarão o meu primeiro EP solo." Fique atento para baixar as primeiras músicas pelo site nascamusic.com.

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