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O Fandango Caiçara agora é patrimônio cultural | Henry Milléo/Gazeta do Povo
O Fandango Caiçara agora é patrimônio cultural| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

"Ai que saudades tenho da Baía de Paranaguá, na Festa da Tainha eu sempre estava lá. Olhando aquela água verde até ficar azul, cego por cem sóis vermelhos me guiava o vento sul", lembra a canção do polaco "fã de fandango" Thadeu Wojciechowski.

Sim. Só quem já experimentou o torpor ritmado da alegria nas ilhas do norte do nosso litoral entende a apoteose mental de uma festa caiçara, nas quais "dançamos o suave fandango". "Tamancos batem no chão... Pinga de banana na cabeça e fumo caiçara na mão", resume na mesma canção o poeta da Barreirinha.

Lembrei destes versos, pois chega no vento da serra a notícia de que o Fandango Caiçara vai receber, na sexta-feira, 15, o certificado de Registro de Bem de Natureza Imaterial do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Na mesma data, a pomposa comenda será outorgada a uma comitiva de Mestres Fandangueiros na Câmara Municipal de Paranaguá.

A esperança é que este tipo de chancela oficial possa ajudar a salvaguardar a memória e a essência desta cultura, sem conspurcar-lhe o brilho espontâneo.

Pelo que consta, ao evento oficial se segue merecida festa de três dias, cujo auge será um baile no sábado à noite, na Ilha dos Valadares. Adufes, rabecas e tacos de tamanco farão o barulho, e nós lá estaremos.

Expressão musical símbolo da cultura caiçara, o fandango é originalmente festa, celebração organizada pela comunidade pelo êxito de algum trabalho que deu certo ou só para comemorar que o pior ainda não nos pegou.

É também uma mistura de teatro e ritual, regado a doses de "mãe-ca-fia" (aguardente com melado) ou a medicinal cataia (pinga curtida com a folha dessa planta). Viva.

Tubo de Som

O programa Tubo de Som, exibido pela ÓTV, ressurgiu repaginado. No ar há três anos, a atração musical que se ocupa de prestigiar talentos locais – mesmo mister desta coluna – está mais intimista.

"O formato é acústico, contemporâneo, sem a figura do apresentador em cena, misturando canções e histórias de bastidores, além de reflexões sobre a trajetória artística de cada um", conta a produtora e jornalista Lana Seganfredo, que está à frente da atração.

Na nova temporada, com doze episódios gravados em estúdio, o destaque será o encontro de grandes nomes da música local. No primeiro episódio, o casal Hermeto Pascoal e Aline Moreira. Na semana passada, o show foi do incrível e Lendário Chucrobillyman.

O Tubo de Som vai ao ar aos sábados, às 23h30, na ÓTV, pelo canal 21 da Net Curitiba e pela internet no site www.otv.tv.br.

R.I.P

Alcovas, tabernas, campinhos e estádios de futebol. Lugares onde passei alguns momentos desta minha vida, bem e mal vivida. Acredito, porém, que o local onde me detive mais tempo (somando as diversas encarnações) foi na Biblioteca Pública do Paraná.

Dias perfeitos, desobrigados, pulando do conto ao poema, da biografia ao gibi. Foi ali que eu conheci o professor Cláudio Fajardo, comandante em chefe do espaço sagrado entre 2003 e 2010.

Comunista da velha guarda, era tão inteligente quanto temperamental. Não vergava a espinha e deixou um vazio na cidade no último fim de semana. Assim como o insubstituível Carlos Coelho, que deslizava macio pela cidade lamacenta sem que se lhe sujassem as polainas.

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