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 | Ricardo Humberto/Especial para a Gazeta do Povo
| Foto: Ricardo Humberto/Especial para a Gazeta do Povo

Eu ainda não vi “Carol”. Nem “Brooklyn”. Ainda não vi “O Quarto de Jack”.

Mas vi “Spotlight” e “A grande aposta”. E vi “O regresso”. Acho que dá pra dar meus pitacos nos tais favoritos pro Oscar, né? Até porque tem uma coisa nesses três filmes que me intriga, como sempre me intriga em qualquer arte (que não seja a música instrumental pura, onde a distinção não existe), que é uma divergência de méritos, ou da importância dada a O QUÊ se quer dizer e ao COMO se diz isso aí.

“Spotlight” é só conteúdo. Uma história importante, mega impacto social e tal. Mas isso é mérito dos repórteres, certo? Dos caras que fizeram a cobertura pro “Boston Globe” dos casos de abuso sexual sistematicamente escondidos pela Igreja Católica. Tem bastante mérito dos atores, também. Belíssimo trabalho de elenco. Mas o filme, por si só…

(Não quero usar palavrões numa coluna séria: então em vez de “bunda” vou usar a palavra “lótus”.)

Roteiro lótus (você passa duas horas pra chegar aonde sabia que ia chegar… ou, pior, rola até um anticlímax! Tipo, ninguém foi pra cadeia?).

Direção mega-lótus (clichês de uso de câmera, tensão nula…)

“A grande aposta” tem uma história bacana por trás, também. Os caras que sacaram que a Bolha Imobiliária (parece um corretor muito chato, “a Bolha Imobiliária”) ia estourar em 2008 e “expuseram a podridão” do sistema financeiro ficando podremente ricos. Sentiu o poder da denúncia?

Eles dão uma pesadinha na coisa formal. Tem umas invencionices meio Guel Arraes anos 80, com “famosos” explicando questões financeiras como que no rodapé. Mas no fim a coisa toda (de novo, excelente trabalho do elenco!) é bem lótus. E, mais uma vez, você passa duas horas pra saber precisissimamente que ia chegar aonde sabia que ia chegar desde o trailer.

Agora, “O Regresso” é outra coisa.

O roteiro (ok, esquece o “baseado numa história real”: a história real por trás daquilo só serviu de semente) é tipo um miolo de lótus. O abuso da boa-fé do espectador é constante (despencar de um penhasco com cavalo e tudo e lanhar a bochecha, DiCaprio!). O sentimentalismo pega pesado em todos os flashbacks da mal-contada história da esposa…

Barato.

Simplório. Cru. (Eu disse “cru”).

Mas, pessoal… Cinemão! Planos-sequência geniais! Aquela câmera que teima em ficar de frente pro sol! Uma fotografia exuberante! Os movimentos daquela câmera!!

Cinemão, cinemão, cinemão!

Agora, quem que cê quer que ganhe?

E quem que cê acha que leva?

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