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Mestre Iran Martin Sanches me presenteia com O Pequeno Livro do Pensamento Zen, onde está esta pérola: "Quando nós sabemos o que não sabemos, isto é o começo da sabedoria".

Dos 11 aos 16, pensei muito em Deus, querendo entender Infinito e Eternidade. Aos 14, ganhei em concurso de redação a biografia Caminhos de Minha Vida, de J. Cronin, onde o escritor escocês especula sobre o Infinito: se tudo pudesse ter fim, o que viria depois? O nada? Mas o nada seria algo, ainda assim, até mesmo em contraposição a tudo, não? Pensar que o Universo tem um fim é tão absurdo como não ter fim.

Aos 16 conheci o marxismo, rejeitei Deus e, por tabela, deixei de me preocupar com Infinito e Eternidade. Até que rejeitei o marxismo e, lendo Tao Te King, o livro de poemas de Lao Tse, entendi que aqui é nosso pedaço disponível do Infinito, como agora é o momento fluente da Eternidade.

Depois, lendo Djana Yoga guardei de cor que "Deus é a palavra que inventamos para expressar nossa perplexidade diante dos mistérios absolutos do Infinito, da Eternidade e da existência".

No entanto, compreendi também que há pessoas que precisam de Deus e religião, e pessoas que não precisam, uns e outros não sendo melhores nem piores por isso. Descobri que os princípios e valores é que valem, haja ou não outra vida depois desta. Se houver, como creem cristãos e hindus e tantas crenças, será vida a ser desfrutada conforme a vida aqui antes vivida...

Aprendi com os próprios olhos que há quem fale em revolução, para melhorar a vida de todos, mas, sem honestidade, bondade, verdade e produtividade, só consegue gerar miséria – material e espiritual – para muitos, como privilégios para poucos. Meu líder na política estudantil, que prometia mudar o Brasil, hoje é corrupto condenado pelo mensalão. E o pastor que parecia "reacionário" ou, no mínimo, "inocente útil", por pregar a paz durante a ditadura, chega à velhice com a dignidade de meio século de bons serviços à comunidade.

Fui vendo que há quem use o nome de Deus para iludir e enriquecer, como há quem use o nome de Deus para consolar dores e renovar esperanças. Há quem peça a Deus, e há quem crê que Deus só dá o que a gente já tem.

Há quem espera milagres de Deus, como há quem faz o bem sem em troca esperar qualquer ajuda divina ou recompensa terrena.

Há quem é feliz com Deus e quem é feliz sem Deus, sem se preocupar minimamente com o Infinito ou com a Eternidade. Aliás, creio que tanto dinheiro gasto em desvendar o Universo poderá ser multiplicado zilhões de vezes e sempre haverá mais zilhões de galáxias a serem descobertas. E é ridículo ver tantos cientistas tentando entender o Big Bang, sem atentar que a hipótese de qualquer começo para o Universo é absurda por si mesma – pois se nada existisse antes, como do nada tudo poderia ter começado?

No lado inverso, investigando os limites sem fim do átomo, descobrem que o Universo é tão infinito para o máximo como para o mínimo, e toda essa ciência acaba servindo mais à guerra que à felicidade.

Por isso, brinco que meu deus é o domingo, dia dedicado a Deus, na origem da palavra, e na semana o dia de descanso, da paz e convivência. O resto é filosofia ou ciência.

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