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Os condescendentes jurados Dinho Ouro Preto, Ivete Sangalo e Fábio Júnior | Divulgação
Os condescendentes jurados Dinho Ouro Preto, Ivete Sangalo e Fábio Júnior| Foto: Divulgação

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SuperStar. Rede Globo. Aos domingos, após o Fantástico.

No ar há algumas semanas, o programa SuperStar, da Rede Globo, tem servido mais como motivo de chacota do que trampolim para novas bandas. O que salta aos olhos e aos ouvidos é o desligamento com a realidade musical do país, a começar pela escolha dos jurados. Ok, Ivete Sangalo tem sua representatividade enquanto fenômeno pop. Mas que tipo de "dicas" Dinho Ouro Preto e Fábio Júnior, artistas que viraram caricaturas de si mesmos, poderiam dar hoje a grupos potencialmente interessantes?

Falta critério também. Os três jurados apertam o bendito botão de aprovação para quase todos os artistas que se apresentam. Os comentários, quando positivos, restringem-se a "legal" e "bacana". E há uma dificuldade imensa para fazer críticas e dizer, com todas as palavras, que algum grupo está na profissão errada.

As bandas também entram nessa conta que não fecha. No programa da semana passada, de sete grupos que se apresentaram, seis tocaram covers. E covers ruins. Qual o propósito de mostrar seu trabalho para milhões de pessoas emulando músicas de outros artistas? Não se sabe se é um pedido da produção do programa ou um apelo na tentativa de conquistar o público de bate-pronto. O fato é que dar as caras pela primeira vez sendo quem não se é soa quase como covardia.

Entre os artistas que encaram essa fria, ouvimos de tudo um pouco. Forró, emo, pop escrachado, sertanejo, "rock". Até a ex-curitibana CW7 se apresentou por lá, fazendo um cover estranhíssimo de Alanis Morissette – isso antes da "Beyoncé de Recife."

Dia desses, a paulista Bicho de Pé conseguiu atingir mais de 70% dos votos – quem não consegue? – e se destacou entre alguns grupos tenebrosos que se apresentaram no mesmo programa. Mas veja bem: a Bicho de Pé existe há 14 anos. Seu primeiro disco, Com o Pé nas Nuvens, vendeu mais de 200 mil cópias. Mais: em agosto de 2010, a banda fez uma turnê europeia – foram 18 shows em 10 países, incluindo a Finlândia.

Primeiro, é curioso ver que uma banda com carreira consolidada esteja em um programa que supostamente revela "novos artistas". Depois, é estranho ver que essa mesma banda precise da chancela de um programa mainstream para ser "reconhecida".

Os erros pontuais de SuperStar, como o formato mambembe, as obviedades bocejantes ditas pelos jurados e a escolha dos grupos participantes, são fichinha perto do que o programa realmente revela: a distância existente entre a atual e prolífica produção musical do país e o que é efetivamente aceito como bom com o apertar de um botão.

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