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O casal Didier e Elise, protagonistas de Alabama Monroe | Divulgação
O casal Didier e Elise, protagonistas de Alabama Monroe| Foto: Divulgação

Se o leitor me permite, sugiro humildemente que, entre as várias coisas interessantes para se ver nos cinemas de Curitiba neste fim de semana (como a retrospectiva Brian De Palma, na Caixa Cultural, e a a Mostra de Filmes da Austrália, no Cine Guarani), reserve um tempinho na agenda para assistir à Alabama Monroe. O filme belga de Felix van Groeningen, que concorreu ao último Oscar de melhor filme estrangeiro, é arrebatador e está em cartaz no Cineplex Batel.

Na Bélgica, a recepção foi enorme – o filme foi visto por mais de 400 mil pessoas, e o longa foi escolhido pelo público como o melhor filme no Festival de Berlim em 2013.

Fazia tempo que um filme não me emocionava tanto, e confesso que foi difícil levantar da cadeira para ir embora. Há quem diga que ele é "dramático demais", porém, acredito que esse seja justamente o seu mérito. Geralmente, a vida e o cotidiano são difíceis mesmo – para alguns, como uma das personagens, impossível de suportar. E o cinema é sempre uma bela forma de pensarmos sobre isso.

A história (baseada em uma peça de teatro dos belgas Mike Dobbles e Johan Heldenbergh, que também atua no filme) fala sobre o casal Elise e Didier, que moram em uma área rural da Bélgica e têm personalidades e crenças completamente diferentes. Logo na primeira cena, quando ambos aparecem em um leito de hospital com a filha Maybelle, de seis anos, sabemos que a menina está lá por conta de um câncer.

A partir daí, o filme se desenrola e entendemos a história daquele casal, em uma narrativa que transita entre o presente e o passado, com a euforia do início do namoro e a sedução, passando bruscamente para uma cena fria de hospital. E o que mais intriga são justamente esses altos e baixos emocionais, pois tiram o espectador da zona de conforto. Quando você começa a se sentir feliz vendo determinada cena, logo vem outra para te confrontar.

Também é muito inteligente a forma como o diretor vai nos revelando a personalidade de Didier e Elise. Ele, um fazendeiro com ares de cowboy americano, toca banjo em uma banda de bluegrass, é ateu e um tanto radical. Já Elise, tatuadora cujo corpo serve como "mostruário" de seu trabalho, tem os pés mais próximos do chão e, ao contrário do marido, não sente medo de deixar seus sentimentos em vista e acredita em Deus. As diferenças, apesar de muitas, não sobressaem a paixão e a busca pela melhora de Maybelle.

Bluegrass

A excelente trilha sonora, somente de bluegrass (música regional country americana), contribui muito para a condução do filme. A banda formada para o longa chegou a fazer shows pela Bélgica, com ingressos esgotados rapidamente.

Impressões colocadas, o maior mérito de Alabama Monroe, que nos incomoda, seduz, alegra e entristece, é conseguir nos levar a tantos lugares e sentimentos em pouco mais de 100 minutos. Difícil é chegar inteiro até o fim.

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