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 | Ilustração : Osvalter Urbinati
| Foto: Ilustração : Osvalter Urbinati

Passo 1

O caminho mais óbvio é começar a ler Alberto Manguel por Uma História da Leitura (1997), livro que o projetou mundialmente. Mas não faz mal burlar a regra e ser apresentado ao autor pela coletânea de ensaios No Bosque do Espelho (2000). Motivo: é o trabalho mais pessoal de Manguel, no qual fala de sua juventude em Buenos Aires, de Borges, de Che Guevara. Mais: Alice no País das Maravilhas, obra que aqui esmiúça com paixão, é chave de leitura para entender o autor.

Passo 2

Se puder resistir, protele Uma História da Leitura mais um pouco e se aventure por A Biblioteca à Noite (2006). Questão de "desordem" – ainda que menos pessoal, "biblioteca" traduz o Manguel de hoje em dia – um sujeito que deseja a vida pacata no interior da França. Nesse trabalho, o autor fala dos livros que leu enquanto os desencaixota para colocar na estante. Irresistível.

Passo 3

A essa altura, o leitor já está habilitado para passear pela espinha da obra de Alberto Manguel. Uma História da Leitura cumpre tudo o que o título promete: é "uma" história. Não espere cronologias ou tampouco chatices. Cá entre nós, pensar a humanidade a partir dos livros lidos e amados é bem mais saboroso do que decorar nome de batalhas e de heróis. Aproveite o embalo e leia Dicionário de Lugares Imaginários (2003), que Manguel escreveu em parceria com Gianni Guadalupi. É um trabalho subestimado sobre a geografia literária, cidades imaginárias, territórios. Dica: dê um de presente a amigos e amores que gostem de viajar.

Passo 4

Procure um Manguel diferente de tudo o que você imagina até aqui. Ele está de corpo e alma em Lendo Imagens (2001), um livro sobre as pinturas e esculturas que o autor admira. Sai-se da tarefa com vontade de entrar no museu e usar tudo o que acumulamos intelectualmente para arriscar uma interpretação da obra de arte. Mais de uma vez o autor declarou que esse livro foi o dos que mais gostou de escrever. O capítulo sobre Caravaggio é uma obra-prima. Depois de ler o que ele diz sobre Van Gogh, nunca mais se deixa de gostar do cheiro de terebentina.

Passou 5

Faça a manutenção de sua biblioteca Alberto Manguel, surpreendendo-se mais um pouco com a criatividade do autor. A melhor pedida é Os Livros e os Dias (2005), espécie de anuário de leituras prazerosas. Dá vontade de pendurar na parede, ao lado da Folhinha do Coração de Jesus. Dica: transforme em livro de cabeceira. Para variar, coloque do lado da escrivaninha outro Manguel – À Mesa com o Chapeleiro Maluco (2009). O efeito é instantâneo: a gente quer se livrar logo do computador e seguir a rota proposta pelo autor.

Passo 6

Agora é tarde, você já foi fisgado por Alberto Manguel. Na dúvida entre A Cidade das Palavras (2008) e As Aventuras do Menino Jesus (2011), fique com o primeiro. A Cidade é candidata a livro mais incrível do autor depois de Uma História da Leitura. Em cinco capítulos, ele explora narrativas – como a de Babel – que contamos sem parar. O Menino Jesus virá por acréscimo.

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