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 | André Rodrigues
| Foto: André Rodrigues

Fez-se luz na eterna sombra de Curitiba. Chega sempre aquela hora em que os contrastes se agigantam, como se num tsunami de preto e branco, branco e preto. Nos detalhes, a vida, ainda que incompreendida. Pois veja: uma cabeça de cavalo perambula tranquilamente na Ébano Pereira, enquanto um senhor, que muito bem poderia ser o Dario de Dalton Trevisan, faz da espera do ônibus uma aventura solitária. Na Praça Tiradentes, um ser humano reza na Catedral e, no São Francisco, a Mesquita recebe um vulto de carne e osso. Pedem luz? Descendo a Duque de Caxias, dá para ver de longe: um anjo de pernas tatuadas joga conversa fora enquanto o sol da tarde se despede. As sombras são uma forma de adeus.

Para um fotógrafo, a luz é atrevida. Entra onde não deveria, quando não convém. Investiga becos, ruelas e corações. E, já dentro dos olhos de quem a percebe, transforma o ordinário em alguma outra coisa menos domesticada e mais provocadora.

O fotógrafo André Rodri­gues gastou os sapatos para "descobrir uma cidade em que belezas são escondidas por sombras que a luz desvenda." Do lambe-lambe ao Instagram, a brincadeira é a mesma: um jogo eterno entre o que é claro e escuro, oculto e revelado, parecido com a disposição desigual dos petit-pavé de nossas calçadas tremulantes.

"Desde os rudimentares experimentos fotográficos aos mais modernos sensores digitais, a luz continua a ser a principal matéria-prima do fotógrafo", diz Rodrigues. Sim, somos tementes a ela.

Quem é

Sua busca é por fotos que possibilitem a crítica, a reflexão

André Rodrigues tem 37 anos e vive em Curitiba desde 1998. Seu primeiro encontro com a fotografia foi em 2001. Anos depois, descobriu no fotojornalismo sua vocação – e profissão. Atuou como freelancer para diversos veículos e, de 2012 a 2014, integrou a equipe de fotógrafos da Gazeta do Povo.

Além do fotojornalismo, o retrato documental também lhe apetece. André Rodrigues planeja para breve o lançamento do projeto Voto em Imagens, um apanhado de cliques sobre as eleições no Brasil.

O fotógrafo participou das exposições Voto em Imagens – Pequenos Fragmentos Visuais de um Dia de Eleição, nas Livrarias Curitiba (2011); Biometria – Recadastramento Eleitoral em Imagens, no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), em 2012. Também foi organizador e integrante da mostra Curitiba Protesta (conjunto de registros sobre os protestos de junho de 2013), no Memorial de Curitiba, entre outras mostras coletivas.

O fotógrafo editou dois livros: Biometria & Eleição – O Voto em Imagens,com a cobertura das eleições em Curitiba e da adoção do processo de identificação eletrônica do eleitor por meio da biometria. E Indeleble, obra que retratou a cobertura da eleição geral no Paraguai (2013).

Atualmente, o fotógrafo busca imagens mais "livres", interpretativas, que deem conta de documentar assuntos contemporâneos que não se esgotam em uma só imagem, mas demandam crítica e reflexão.

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