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Sergio Napp, na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, espaço público que o autor dirigiu de 1997 a 1999 e de 2003 a 2006 | Luciana Thomé/ Divulgação
Sergio Napp, na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, espaço público que o autor dirigiu de 1997 a 1999 e de 2003 a 2006| Foto: Luciana Thomé/ Divulgação

O admirável e único mundo editorial gaúcho é tecido tanto por grifes literárias, como Moacyr Scliar, Luis Fernando Verissimo, Lya Luft, Daniel Galera, Fabrício Carpinejar e outros nomes de ressonância nacional, mas também por fenômenos que acontecem sobretudo em âmbito porto-alegrense ou mesmo pampeano. Da Feira do Livro, que já ultrapassou 50 edições, a saraus no Bar Ocidente. Dos cursos de criação literária de Luiz Antonio de Assis Brasil a verdadeiras lendas urbanas, como Nei Lisboa, Altair Martins e, sobretudo, Sergio Napp.

Napp transitou por várias possibilidades da palavra nos seus 70 anos. É autor de "Desgarrados", um hit e hino entre os riograndenses. Outras de suas canções foram gravadas por vários artistas, incluindo Elis Regina, Emílio Santiago e Thedy Corrêa (da banda Nenhum de Nós).

Ele escreveu dezenas de livros, pelo menos dez deles publicados por editoras gaúchas. A obra mais recente, Das Travessias, sai com o selo da WS Editor. Premiado em inúmeros concursos, até hoje ainda não foi observado atentamente por nenhuma grande editora brasileira.

Das Travessias, com 14 contos, é uma espécie de síntese de toda a proposta do escritor de fazer ficção. Os textos dialogam com a tradição por meio de linguagem direta e falsamente fácil. O leitor voraz que Napp é, transformado em autor, não deixa transparecer em suas linhas as "águas" e demais fontes em que mergulhou, bebeu, digeriu e, enfim, reprocessou a linguagem. Há sonoridade, ecos de seu ouvido musical, em toda nuance e frase, sobretudo nos silêncios que pontuam e conduzem as peças de invenção breves, no ritmo da urgência desses tempos velozes.

Os contos, de maneira geral, tratam do que está sinalizado no título: travessias. Os personagens, adultos, mas sobretudo adolescentes e jovens, são confrontados com os desafios e impasses do mundo, vasto mundo. O autor oferece metáforas, como uma rede que enovela um menino no mar. Os diversos estímulos da realidade, que tendem a desequilibrar os seres do cotidiano, são recriados literariamente por esse artista da palavra escrita que se chama Sergio Napp.

Serviço

Das Travessias. Sergio Napp. WS Editor. 64 págs. R$ 18.

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