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A nova sede da Fundação Cultural de Curitiba é um antigo moinho produtor de farinha de trigo. Pode parecer esquisito. Mas, pensando bem, a escolha encaixa-se numa tradição curitibana. O teatro mais famoso gerido pela instituição funciona em um paiol de pólvora. O maior local para shows da cidade – também a cargo da fundação – é uma antiga pedreira. O prédio que servirá de teatro para a orquestra municipal é uma capela. E o teatro que servirá como ponto de referência para as artes cênicas na nova gestão municipal, o Novelas Curitibanas, funciona numa casa que já abrigou um prostíbulo. Pensando bem, com um histórico de criatividade como esse, usar o Moinho Rebouças como sede é até uma solução previsível para a fundação.

Desde 2001, o prédio erguido na década de 1930 para produzir a farinha de trigo Soberana passou para as mãos da prefeitura. Nos últimos anos, vinha abrigando esporadicamente eventos culturais. Mas só agora ganhou um uso regular e – imagina-se – definitivo. Desde o fim do mês passado, é o endereço oficial da fundação. Toda a parte administrativa se mudou para lá. Com isso, o Palacete Wolff, na Praça Garibaldi, passa a ser exclusivamente usado pela coordenação de literatura do município.

A administração da área cultural do município ocupa 1,6 mil metros quadrados do moinho, que fica no número 1.732 da Engenheiros Rebouças, perto do Centro. "Conseguimos fazer as reformas necessárias e comprar os equipamentos com cerca de R$ 500 mil", explica o presidente da fundação, Paulino Viapiana. Segundo ele, esse dinheiro foi economizado durante o ano passado, primeiro da atual gestão, com cortes em despesas de custeio. A fundação diz ter economizado 28% de seu gastos com passagens aéreas, táxi, telefone e outras do mesmo gênero. O resultado foi a possibilidade de reformar o novo prédio, comprar os móveis e investir na troca dos computadores.

A reforma de espaços culturais da cidade tem sido uma das prioridades da gestão atual da fundação. Já foram realizados reparos em espaços como o Teatro Paiol, o Solar do Barão, a Pedreira Paulo Leminski e o Memorial da Cidade, entre outros. Entre os que ainda estão para ser entregues estão o Teatro Novelas Curitibanas, a Ópera de Arame, a Capela do Santa Maria e o Centro Cultural do Portão. Para a reforma deste, aliás, a verba foi oficialmente conseguida ontem. Viapiana assinou, junto ao governo do estado e à prefeitura, um acordo que prevê R$ 1,1 milhão para a reforma do maior complexo cultural do Sul da cidade.

A reforma e ocupação do Moinho Rebouças faz parte desse plano de revitalização de espaços culturais. Mas a mudança da parte administrativa é só a primeira parte do plano. Os funcionários estão ocupando dois dos três prédios que fazem parte do antigo Moinho Paranaense. O terceiro, de cinco andares, ainda está vazio, e será ocupado por um centro cultural que ainda está sendo imaginado pelos gestores. "Estamos ouvindo os principais expoentes de cada área para ter idéias sobre como usar este espaço", afirma o diretor de Marketing da fundação, Marcelo Catani. Ele conta que o diretor de teatro Felipe Hirsch, a artista plástica Eliane Prolik e o diretor de cinema Marcos Jorge já foram escutados para dar opiniões sobre o uso do espaço. Mas nada está definido por enquanto.

Certo, até o momento, é que a literatura foi a área de cultura que mais ganhou até aqui com a mudança de sede. "Vamos fazer um evento de literatura no Palacete Wolff", diz Viapiana. Segundo ele, o atual Perhappiness, promovido pela fundação anualmente, será apenas uma das partes do novo evento, que deverá ser anunciado em breve.

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