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Veja a história em quadrinhos Alados, de André Müller |
Veja a história em quadrinhos Alados, de André Müller| Foto:

Traço-a-traço

A incrível arte de desenhar tem em Curitiba diversos nomes de expressões.

Somente a Gazeta do Povo abriga alguns dos mais talentosos craques do traço: Paixão, Pancho, José Aguiar, Tiago Recchia, Felipe de Lima, Benett, Chantal e Gilberto.

O fato de dois curitibanos terem sido os vencedores de um concurso nacional, como o da Fnac, apenas confirma, cada vez mais, a capital do Paraná como um centro de referência, que abriga inclusive uma Gibiteca.

Novos horizontes se insinuam para André Figueiredo Müller: ele tem a oportunidade de ser publicado pela Devir, editora com boa inserção no mercado de HQs.

O fato de Luendey Aguiar ter seu trabalho veiculado em uma revista como a Pixel também deve evidenciar a produção do artista.

  • Veja a história em quadrinhos Luendey Aguiar

Curitiba, capital brasileira que tem um núcleo forte de desenhistas, é a cidade natal dos dois primeiros colocados no Prêmio Fnac Novos Talentos, este ano focado em HQs, que teve o resultado revelado na noite de ontem na loja do grupo situada no bairro Pinheiros, em São Paulo.

André Figueiredo Müller ficou em primeiro lugar. Ele recebeu R$ 5 mil, um computador de mesa completo com monitor, impressora, scanner e softwares, e terá um livro publicado pela editora Devir. Luendey Maciel de Aguiar ficou em segundo, também levou um computador de mesa com acessórios, um cheque de R$ 3 mil e terá algumas de suas histórias publicadas na revista Pixel.

Müller e Aguiar foram filtrados em meio a um bloco de quase 1 mil concorrentes, da Amazônia ao interior gaúcho. A assessoria da Fnac explica que um dos objetivos da empresa, além do evidente comércio, é fomentar atividades culturais e, por isso, foi idealizado o prêmio.

A cada ano, uma nova atividade – a exemplo de música, teatro ou cinema – será contemplada pelo Prêmio Fnac. Neste 2008, os desenhistas tiveram de produzir um enredo desenhado em uma única página, formato A4, a partir do mote "Infinita diversidade em infinitas combinações".

Houve aproximadamente dois meses e meio para elaborar e encaminhar, exclusivamente pela internet, os trabalhos. Müller e Aguiar, em poucas semanas, apresentaram produções surpreendentes.

Pontos de contato

Os dois curitibanos, até ontem à noite dois desconhecidos, se irmanam por vários detalhes em comum. Ambos aprenderam a desenhar sozinhos, com influência dos desenhos japoneses (mangás).

"Desenho desde que aprendi a segurar o lápis. Comecei a desenhar antes de escrever", conta Müller. "Faço desenhos desde os 12 anos, sozinho, em casa", revela Aguiar. O primeiro, de 20 anos, e o segundo, de 21, cursam o terceiro ano de Design Gráfico, respectivamente, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Os dois também se aproximam por que pretendem fazer, do desenho, um projeto de vida.

A história em quadrinhos vencedora do prêmio Fnac, Alados, é uma crítica social. Os personagens são aves, e cada uma representa uma tribo urbana: urubus são os punks, os "emos" são os corvos e o pessoal do hip-hop, os papagaios. "Tem a ver com uma espécie de revolução dos bichos", define Müller.

No caso de Aguiar, a peça Grafite e Aquarela trata da relação entre o personagem masculino Grafite e a sua namorada, a Aquarela. "É um breve monólogo a respeito do ser humano", comenta. Os dois, além de HQs, gostam de ler textos literários e apreciam manifestações que instiguem o pensar (filosofia, por exemplo).

Reconhecimento

Os curitibanos (e as outras quase dez centenas de quadrinistas concorrentes) tiveram os seus trabalhos analisados por um júri formado pelo cartunista Angeli, pelo pintor e cartunista Zélio e Fernanda Takai, vocalista da banda Pato Fu.

Gabriel Bá e Fábio Moon, os gêmeos dos quadrinhos (criadores da série 10 Pãezinhos), serão os padrinhos do vencedor, no caso, André Müller.

A assessoria da Fnac diz que o primeiro colocado terá a oportunidade de conviver com os "gêmeos" e, a partir disso, ter acesso aos bastidores e outras nuances do mundo das HQs.

"Um prêmio asssim dá ânimo. As pessoas sempre gostaram dos meus desenhos, mas eu não tive um reconhecimento desses, endossado por especialistas", afirma Müeller, completando que "ainda não caiu a ficha."

Aguiar se diz muito feliz com o prêmio e acredita que, a partir de agora, muitas portas devem se abrir para ele.

Os dois não se conheciam pessoalmente até a noite de ontem, mas, de antemão, já se admiravam mutuamente. "O André manda bem", elogia Aguiar.

"Eu gostei do trabalho do Luendey. Ele manda bem", comenta Müller, ecoando as palavras de seu colega de profissão e conterrâneo.

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