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Balanço Gramado 2007

Curta-metragem paranaense ganha dois prêmios, mas fica sem receber Kikitos

Festival de Cinema de Gramado termina com surpresas que não agradaram público, crítica especializada e participantes

A cerimônia de premiação do Festival de Gramado 2007, que aconteceu na noite do último sábado (18), na cidade localizada na Serra Gaúcha, foi uma surpresa. Primeiro, o poeta local que invadiu o palco para fazer um protesto e foi retirado com violência pelos seguranças. Depois a surpresa do ganhador do festival ser o fraco semi-documentário "Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais", que até então não tinha levado nenhum prêmio – "Deserto Feliz", de Paulo Caldas, que, era realmente o melhor dos brasileiros, já havia ganho quatro Kikitos, incluindo melhor direção e o prêmios da crítica e do júri popular. "Castelar" ganhou com o júri oficial, que algumas vezes tomam decisões incompreensíveis, neste caso, com toda cara de terceira via (quando os jurados se dividem entre dois filmes e acabam escolhendo um outro para aplacar as discussões).Para completar o quadro de surpresas, a produção de tevê que transmitiu a premiação, tirou do roteiro da cerimônia o anúncio de sete prêmios técnicos – entre eles, dois para o curta paranaense "Balada do Vampiro", de Estevan Silvera e Beto Carminatti, melhores direção de arte e música. Essas premiações completaram um bom ano para o cinema paranaense em Gramado, já que o elogiado curta londrinense "Satori Uso", de Rodrigo Grota, recebeu os Kikitos de melhor fotografia e melhor filme pela crítica, além do prêmio aquisição do Canal Brasil.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do evento, que confirmou que os representantes de "Balada do Vampiro" não receberão nenhum Kikito. A premiação de algumas categorias técnicas – direção de arte, montagem e música – não estava na programação oficial em 2007, pois foi feita por um júri experimental, formado por estudantes de cinema de escolas do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro.

Ou seja, os premiados não teriam mesmo direito a Kikitos e isso estava explicado no regulamento do festival, que, no entanto, não foi divulgado devidamente. A confusão é maior porque a lista de premiados, postada no site do evento (www.festivaldegramado.net) dentro da mensagem "E o Kikito vai para...", destaca os vencedores das citadas categorias técnicas.

Avaliação

Os acontecimentos da premiação de encerramento não justificam o fim definitivo do tradicional evento gaúcho de cinema, mas dão munição para quem vem pedindo o fim do festival, que tenta recuperar o prestígio perdido nos últimos anos. As desastrosas seleções feitas até 2005 fizeram um estrago muito grande na imagem do evento, que em 2007 completou 35 anos de realização, afastando quem tem bons filmes para lançar. Mas a curadoria do crítico de cinema José Carlos Avellar e do documentarista Sérgio Sanz, iniciada em 2006, mudou e melhorou o perfil da seleção, apesar de que neste ano ainda foi fraca.

O problema é que este tipo de produção não casa muito bem com o que parece ser a proposta principal do evento, que é a de estimular o turismo e, conseqüentemente, a economia da cidade. Atualmente, um filme sem estrelas não desperta tanta atenção da população local, não gera mídia instantânea, não faz as pessoas de fora virem a Gramado para acompanhar o festival. É necessário achar um meio termo.

Uma saída poderia ser a criação de uma mostra especial, fora de competição, de produções mais populares. Este ano, por exemplo, poderia ter havido sessões destacando "Primo Basílio" e "Saneamento Básico", que ainda não estrearam em Gramado, trazendo para as apresentações alguns dos conhecidos atores globais dos filmes – Fábio Assunção, Reynaldo Gianecchini, Débora Falabella, Fernanda Torres, Wagner Moura, Camila Pitanga. Saciaria a vontade do público de se aproximar das estrelas e não atropelava a competição – e ainda livraria o festival da presença de "astros" de segundo e terceiro escalão da tevê.

Outra alteração deveria ser o enxugamento das mostras competitivas. Os filmes brasileiros e latinos poderiam novamente compor uma seleção única, mais enxuta (como aconteceu nos anos 1990), abrindo espaço para as apresentações de curtas voltarem ao período noturno. Os curtas foram mostrados à tarde este ano, com sessões sempre lotadas, pois eram gratuitas, ao contrário das caríssimas sessões noturnas (com ingressos entre R$ 40,00 e R$ 80,00).

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