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James McAvoy é Simon, um homem que perde a memória | Divulgação
James McAvoy é Simon, um homem que perde a memória| Foto: Divulgação

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Em Transe

(Trance, Reino Unido e Estados Unidos, 2012). Direção de Danny Boyle. Com James McAvoy, Rosario Dawson e Vincent Cassel. 101 minutos. Classificação indicativa: 16 anos. Preço médio: R$ 39,90 (DVD) e R$ 69,90 (Blu-ray). Suspense.

O diretor britânico Danny Boyle não acerta sempre, é verdade. Mas mesmo quando não tem a seu dispor um roteiro de primeira, como é o caso do suspense Em Transe, que está chegando às locadores e lojas, o cineasta tem a capacidade de não deixar o espectador indiferente, provocando-­lhe os sentidos e o envolvendo.

Depois do bem-sucedido 127 Horas (2010), indicado ao Oscar de melhor filme, Boyle, que ganhou oito estatuetas com Quem Quer Ser Um Milionário? volta a brincar com as possibilidades da narrativa.

O protagonista da trama, Simon (vivido pelo ator escocês James McAvoy, de Desejo e Reparação e O Último Rei da Escócia) é um leiloeiro de arte cheio de dívidas. Para tentar solucionar suas finanças, ele aceita uma proposta indecente: aliar-se a uma gangue que pretende roubar uma tela do pintor espanhol Goya (1746-1828), avaliada em milhões de dólares.

O golpe, no entanto, falha. Ele até tenta passar para trás o chefão Franck (o francês Vincent Cassel, de O Ódio e do longa-metragem brasileiro À Deriva), mas acaba se complicando ainda mais. Simon leva uma pancada na cabeça e perde a memória. E, para seu azar, acaba esquecendo tudo o que ocorreu após o furto e onde escondeu o quadro.

Sessões de tortura com requintes de crueldade, orquestradas por Franck, não conseguem fazer com que o leiloeiro se lembre do paradeiro da obra. O último recurso, então, acaba sendo buscar a ajuda de uma hipnoterapeuta (a norte-americana Rosario Dawson, de Kids e Alexandre, de Oliver Stone), que pode, ao ajudar Simon a vasculhar seu próprio cérebro, fazê­-lo se lembrar onde a obra está.

Embora Em Transe tenha a hipnose como peça central de seu enredo, é justamente esse elemento que incomoda, por tornar a história toda um tanto suspeita, senão inverossímil. Só não descamba mesmo para o ridículo por conta da direção visceral de Boyle, que energiza a trama com uma edição por vezes febril, erotismo e uma concepção visual que enche os olhos, embora pareça, por vezes, um fim em si mesma.

O trio de atores principais é outro trunfo: muito acima da média, eles conseguem dar complexidade aos personagens, que têm o mérito de não serem previsíveis e muito ambíguos, dentro da tradição do cinema noir – com o qual o filme tem inegáveis ligações de parentesco.

Quem é fã do clássico junkie Trainspotting – Sem Limites (1996), ou do que Boyle fez com o gênero "terror com zumbis" em Epidemia (2002), pode até sair um pouco decepcionado com Em Transe, mas vai encontrar no filme traços do habilidoso cineasta que ele é. GG1/2

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