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Ao selecionar os cinqüenta artistas que fazem parte da 29.ª edição do Panorama de Arte Brasileira, que acontece no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a partir de outubro, o curador Felipe Chaimovich percorreu 14 cidades, de janeiro a julho deste ano. Em suas viagens e pesquisas, procurava trabalhos que refletissem a arte nacional, sem cair na mesmice de fórmulas desgastadas e repetidas.

Para isso, precisou resgatar os fundamentos dos gêneros acadêmicos, como paisagem, retrato e natureza morta. O objetivo era encontrar pesquisas contemporâneas que questionassem esses gêneros, sem perder o potencial da arte brasileira e o caráter universal. "Queria que as obras refletissem o que é a paisagem brasileira hoje em dia, o que é o folclore", explica Chaimovich. Durante a sua passagem por Curitiba, encontrou dois artistas que desenvolviam pesquisas de ponta nesse sentido: Luciano Mariussi e Tony Camargo.

Além de artista plástico, Mariussi também é professor de cinema e vídeo da Universidade Tuiuti do Paraná e do Centro Universitário Positivo. A sétima arte se tornou uma forte influência em seu trabalho, que inclui vídeo-arte e vídeo-instalações.

O objetivo de sua obra selecionada para o Panorama de 2005 é promover a interação entre o espaço e o espectador. O meio que encontrou para isso foram as vitrines comerciais. O primeiro trabalho que desenvolveu foi uma intervenção em uma livraria de Curitiba. Com a frase "Entre gritando ‘Eu sei o que é arte contemporânea’ e ganhe um desconto de R$ 2" estampada na entrada, Mariussi comprou a atenção do espectador e instigou as mais inusitadas participações. "Foi interessante levantar a discussão, mesmo com pessoas que não tinham uma proximidade com a arte contemporânea", conta.

A vitrine que fará parte da mostra de São Paulo ainda não foi definida, mas vai ocupar as principais janelas do museu.

O trabalho de Tony Camargo, por sua vez, se expressa por meio da linguagem da fotografia. O artista exalta objetos comuns como uma tradução da realidade. O estudo dos objetos como instrumentos artísticos vem sendo desenvolvido há cerca de três anos. A obra "Grampo", escolhida para fazer parte do Panorama, pertence a uma série de fotografias que exploram um mesmo momento. "Não posso classificar as coisas, porque essa pesquisa ainda está aberta. No caso desta obra, ela vai deixar de se tornar apenas uma fotografia e vai se encaixar na situação de objeto", explica o artista.

A mostra é uma das mais importantes e conceituadas do país e, a cada dois anos, reúne pinturas, esculturas, instalações, vídeos e outras técnicas. Quando sair de cartaz do MAM, em janeiro de 2006, segue para exibições em outros estados e países.

A oportunidade de participar dessa mostra é encarada pelos artistas como uma porta de entrada para o circuito nacional e internacional das artes visuais. Mariussi considera o Panorama o segundo evento mais importante do país, depois da Bienal de São Paulo. "A curadoria tem um cuidado todo especial na hora da escolha dos artistas, e isso valoriza o nosso trabalho", acredita. Para Camargo, a experiência é fruto do amadurecimento do seu trabalho. "Participar do Panorama é fudamental para o meu trabalho. É preciso levar a oportunidade a sério e ter prudência", conclui.

Números

50 artistasde diversas regiões do país participam da 29.ª edição do Panorama de Arte Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).

104 ateliêsforam visitados pelo curador Felipe Chaimovich, além de museus e galerias, em 14 cidades brasileiras.

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