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De espartilho, meias de seda e cinta-liga, Diana revisita canções de cabaré dos anos 1920 e 1930 | Divulgação
De espartilho, meias de seda e cinta-liga, Diana revisita canções de cabaré dos anos 1920 e 1930| Foto: Divulgação
  • Lançamento: Glad Rag Doll. Diana Krall. Verve/Universal. Preço médio: R$ 37,90. Jazz

A canadense Diana Krall é uma das poucas artistas do jazz contemporâneo que desfrutam do status de estrela. Aos 48 anos, a bela loira, reconhecida tanto por seu talento como pianista quanto por seus dotes vocais, já vendeu 15 milhões de discos, uma enormidade para seu gênero musical, e lota teatros e casas de espetáculo mundo afora, inclusive no Brasil, além de ter vencido alguns troféus Grammy, o Oscar da indústria fonográfica, ao longo de sua carreira, que neste ano completa 20 anos – seu primeiro álbum, Stepping Out foi lançado em 1993.

Casada desde 2003 com o cantor e compositor britânico Elvis Costello, com quem tem dois filhos gêmeos, Diana sempre foi identificada como uma "artista refinada". Com perfil físico de uma top model, Diana é sinônimo de beleza e elegância, qualidades que, em alguns momentos, pesaram um pouco contra ela, chamuscando sua credibilidade. Explicando: alguns críticos, embora reconheçam a qualidade de seu trabalho, a acusam de ser um tanto asséptica. Tecnicamente eficiente, mas algo distante em um gênero que encontra na temperatura do improviso uma de suas grandes forças.

Já houve, inclusive, quem dissesse que a canadense teria, com certeza, espaço garantido no universo do cineasta britânico Alfred Hitchcock, um apaixonado por loiras geladas. Maldade!

Em seu novo álbum, Glad Rag Doll, décimo disco de estúdio de sua carreira, Diana tenta mudar, mesmo que episodicamente, essa imagem de mulher intocável. Já na capa e no encarte do CD, ela aparece com trajes sensuais – espartilho, meias de seda e cinta-liga – para incorporar uma personagem que remete ao clima esfumaçado e algo sórdido dos cabarés dos anos 1920 e 1930, que tem tudo a ver com o repertório escolhido para o trabalho.

As canções que integram o cardápio de Glad Rag Doll (algo como Boneca de Pano Contente, em português) foram pinçadas em discos de vinil 78 rotações por minuto que integravam a coleção do pai da cantora, que também tocava piano e amava o jazz.

Lançado pelo renomado selo Verve, o disco tem o mérito de trazer ao público do século 21 canções do período da Grande Depressão, que fogem dos standards habituais que costumam frequentar os repertórios de intérpretes de jazz contemporâneos. E com a produção cuidadosa de T-Bone Burnett, um dos grandes nomes da música nos Estados Unidos, responsável por trabalhos elogiadíssimos, como a trilha sonora do filme E Aí, Meu Irmão, Cade Você? (2000), dos irmãos Coen, vencedor do Grammy de Álbum do Ano, e a música "Weary Kind", tema do filme Coração Louco (2009), coescrita por ele e Stephen Bruton, vencedora do Oscar de melhor canção.

Cheio de humor e malícia, o disco revela qualidades tanto no canto quanto no piano de Diana antes pouco exploradas. Ela, que chamou o trabalho de "song and dance record" (disco de canção e dança), se mostra mais vulnerável e terna. As música são exemplares do chamado Tin Pan Alley pop, em referência às sonoridades produzidas na cena do jazz e do rag (ritmo que foi o primeiro gênero musical autêntico norte-americano) no fim do século 19 e nos anos 1910, 20 e 30, em uma região bastante específica de Nova York: a Rua 28 Oeste, entre a Quinta e a Sexta avenidas.

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