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Django Reinhardt fez a fusão da alma cigana com o jazz americano. Em 1934, fundou o Quintette du Hot Club de France, com o violinista Stephane Grappelli e, já antes da Segunda Guerra, era uma celebridade internacional. Em 1934, o convocaram no meio da noite em Paris para acompanhar o visitante Louis Armstrong, que tocou trompete e cantou. Apenas um punhado de pessoas assistiu ao encontro dos dois. O crítico alemão Werner Burckhardt afirmou: "Até os anos 1950, para amantes e especialistas, só havia três gênios no jazz: Louis Armstrong, Duke Ellington e Django Reinhardt."

Django deixou composições que entraram para o repertório do jazz, como "Manoir de Mes Rêves" e "Minor Swing" e foi imortalizado pelo tema-tributo "Django", de John Lewis, do Modern Jazz Quartet. Entre as anedotas que o cercam, há aquela em que Django é liberado da cadeia ao fazer uma serenata para os policiais.

Sensível às novas idéias, passou a tocar guitarra elétrica e a abrir os ouvidos para o jazz moderno. A partir dos anos 1950, largou a existência nômade dos hotéis e das carroças, instalando-se numa tranquila casinha em Samois, às margens do Sena, onde passava os dias pescando, pintando (deixou interessantes óleos sobre tela) e jogando bilhar.

Em março de 1953 fez suas últimas gravações, com pianista, baixista e baterista da nova geração francesa, uma delas um improviso genial sobre a "Aquarela do Brasil". Dois meses depois, sofreu um derrame. Quando o médico chegou, Django disse: "E então veio, afinal?" Tinha 43 anos: morria o homem, nascia a lenda. Ecos do estilo de Django são ouvidos até hoje numa quantidade de guitarristas, alguns nascidos depois da sua morte – existem manuais de guitarra à Django Reinhardt, programados para a ausência de dois dedos. Não lia música, diz-se até que não sabia ler nem escrever, mas impressionou profundamente Andrés Segovia, o pai do violão erudito moderno, que o ouviu numa festa. Quando Segovia lhe perguntou onde podia comprar a partitura da música, Django riu e disse que estava "apenas improvisando."

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*Roberto Muggiati é jornalista e autor do livro Improvisando Soluções: o Jazz como Exemplo para alcançar o Sucesso.

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