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As duas companhias fazem um amálgama em prol do humor | Divulgação
As duas companhias fazem um amálgama em prol do humor| Foto: Divulgação

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Pequeno Manual do Cavaleiro Andante

Cia. dos Palhaços (R. Amintas de Barros, 307), (41) 3077-5009.

Quinta-feira a domingo, às 20 horas. Sábado, às 18 e 20 horas. R$ 10 (5ª e 6ª) e R$ 30 e R$ 15 (sáb. e dom.).

Até 17 de março. Classificação indicativa: 14 anos

Difícil não abordar o Dom Quixote de Cervantes por seu viés cômico – afinal, este que é considerado o primeiro romance moderno satiriza a literatura de cavalaria e seus códigos. E caiu bem uma montagem nascida em meio a palhaços curitibanos, numa união dos grupos Cia. dos Palhaços e Filhos da Lua, em cartaz até o próximo domingo.

Da trama gigantesca são contados trechos memoráveis, tendo como ponto de partida o velório do nobre senhor. Em flashbacks, surge um Quixote de armadura sobre pijamas – ótimo retrato do enlouquecido fidalgo, que, de tanto ler histórias de cavaleiros andantes, se convence de ser um deles e sai em busca de aventuras que o enobreçam e louvem sua amada Dulcinéia.

Conta-se de sua sagração como cavaleiro dentro de um bordel – ele, crente de estar no castelo de um nobre senhor, cercado das mais puras donzelas. Convencido de que precisa de um escudeiro, sai em busca de Sancho Pança, personagem que fica a meio caminho no jogo da loucura, já que zomba do fato de cuidar de cavalos invisíveis, sabendo tratar-se de sandice, mas aguarda do mesmo autor das bobagens sua prometida ilha.

Os conhecidos moinhos de vento, confundidos com gigantes, são caracterizados de maneira criativa e bem executada. Na maior parte das cenas, um elemento de cenário é torcido, erguido, empurrado e revirado, em maneiras que surpreendem.

As atuações, assim como Quixote, ficam entre a realidade e a imaginação, lembrando ao público de vez em quando tratar-se de teatro.

As duas linguagens no palco – os palhaços e a influência nordestina – criam um amálgama coeso e lembram o trabalho dos potiguares Clowns de Shakespeare: a cantoria corre solta sob o som do triângulo, acordeão e zabumba.

O grupo Filhos da Lua acrescenta ainda suas habilidades com bonecos, criando uma boa dobradinha entre realidade e representação.

Com direção de Renato Perré, o espetáculo faz parte de um projeto que pesquisou a obra de Cervantes.

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