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Tentativa de fazer um bom filme sobre tribunais é desperdiçada em O Juiz | Divulgação
Tentativa de fazer um bom filme sobre tribunais é desperdiçada em O Juiz| Foto: Divulgação

Cinema

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O Juiz, uma das estreias da semana nas salas nacionais, é desses filmes que não chegam a ser terríveis, mas irritam de maneira contundente por sua aura pretensiosa e ambições estéticas, naturalmente, não cumpridas: o popular embuste. A história gira ao redor de um advogado rico e de ética suspeita, Hank Palmer (interpretado por Robert Downey Jr.), que volta à sua cidade natal para o velório de sua mãe. Entretanto, o pai (Robert Duvall), um juiz de prestígio da região, acaba se envolvendo, no mesmo dia, em um acidente e é posteriormente acusado de homicídio. Então, apesar das divergências familiares, Hank resolve defender o pai no tribunal.

O sumário de equívocos de O Juiz, primeira tentativa de fazer um bom filme da produtora Team Downey, do próprio Downey Jr. e sua mulher, poderia ocupar quase um plano de governo inteiro. Logo na primeira cena temos o protagonista urinando em outro advogado. Apesar do potencial catártico, a passagem representa bem a frequência geral do filme dirigido por David Dobkin, que já assinou coisas do naipe de Penetras Bom de Bico.

Da montagem a parte musical, quase tudo vai mal. A trilha sonora serve, como está em voga, para reforçar a história. Ou seja, quando a cena é para chorar, a música também vai ser lacrimosa, uma muleta narrativa. É aquilo: quando sobe o nível das discussões sobre ausências e incomunicabilidades, música em cima.

Interpretações

O trabalho de direção de atores é fraco, evidenciando o pulso zero de Dobkin. Robert Downey Jr., definitivamente, não está em seu melhor papel, mais caricato do que nunca. Duvall, por sua vez, não chega a comprometer, mas é de se lamentar vê-lo tão abaixo de seus grandes papéis, ainda mais numa seara que ele entende.

Entretanto, é possível que sua interpretação cáustica de um pai ausente e severo lhe renda uma indicação ao Oscar – a moral de Duvall é inabalável e ele realmente carrega o filme sozinho. Billy Bob Thornton representa bem o personagem que tem feito nos últimos tempos: de paisagem de jardim francês. Até a boa Vera Farmiga – que está a cara da Barbra Streisand – parece fora do tom e artificial.

Mas é de se cogitar o que os atores de algum quilate poderiam fazer a mais para salvar esse filme, um compêndio de cinema feito para ser culto, mas com roteiro falho.

Além de tudo, O Juiz é longo, interminável, recheado de moralismos e de gente admirando a bandeira norte-americana. A busca por resgatar a aura dos filmes de tribunal fica pelo caminho.

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