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Pedro Malan, então ministro da Fazenda, durante entrevista. Ao seu lado, Gustavo Franco, presidente do Banco Central: artífices do Plano Real | Timothy A. Clary/AFP
Pedro Malan, então ministro da Fazenda, durante entrevista. Ao seu lado, Gustavo Franco, presidente do Banco Central: artífices do Plano Real| Foto: Timothy A. Clary/AFP

Gustavo Franco é Steve Jobs e Napoleão, gênio e louco ao mesmo tempo. Usa ternos inspirados nos personagens dos filmes de Quentin Tarantino e sua trilha sonora é “Voodoo Child”, de Jimi Hendrix. Para o cineasta carioca Rodrigo Bittencourt, diretor de “3000 Dias no Bunker”, não há nada mais rock’n’roll que o ex-presidente do Banco Central durante os dias malucos da implantação do Plano Real no Brasil.

O filme, que deve estrear em novembro nos cinemas, é baseado no livro de mesmo nome do jornalista Guilherme Fiúza, colunista da revista Época e que escreveu “Meu Nome Não é Johnny”, também adaptado para os cinemas. A obra relata em detalhes os bastidores do nascimento do Plano Real, usando como base entrevistas com Gustavo Franco.

O ex-presidente do Banco Central também serve de eixo central para o filme. Vivido pelo ator Emílio Orciollo Netto, ele não terá o ar sisudo de um economista comum, de alguém preocupado com taxas de juros, moedas virtuais e câmbio flutuante.

“Nós construímos um personagem politicamente incorreto com todas as suas idiossincrasias. Não queremos transformá-lo no cara “bonzinho”. Ele é o que ele é: gênio, teimoso e difícil de lidar. Eu me baseei muito no segundo filme do Steve Jobs (com Michael Fassbender) para construir este filme”, disse Rodrigo, em entrevista à Gazeta do Povo.

A bossa nova da economia

“A primeira vez que eu li o roteiro, eu me vi obrigado a fazer esse filme. O plano real é um pensamento intelectual tão bacana e fundamentalmente nosso que merece ser mostrado”, diz Rodrigo. “Faço uma comparação com a bossa nova, que transformou o Brasil em um país pensante e respeitado musicalmente no exterior. Assim aconteceu com o Plano Real”

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Gustavo Franco foi convocado pelo então ministro da Fazenda Pedro Malan para trabalhar no projeto do que se tornaria depois o bem-sucedido Plano Real. Crítico ferrenho do PMDB e do governo Itamar Franco, recusou o primeiro convite, mas acabou cedendo.

O Plano não só acabou com a inflação, como ajudou a eleger Fernando Henrique Cardoso presidente do Brasil duas vezes, em primeiro turno. “Gustavo Franco costumava dizer que fez dois presidentes”, diz Rodrigo.

Ritmo acelerado

Por retratar algo que se passou mais de duas décadas atrás, Rodrigo terá de atrair pelo menos duas gerações de brasileiros que não conviveram com a hiperinflação. Jovens que não fazem a mínima ideia de como era uma inflação de até 70% em apenas um mês.

Com um orçamento de mais de R$ 10 milhões , Bittencourt, que dirigiu em 2012 a comédia “Totalmente Inocentes”, pretende imprimir um ritmo de documentário com câmera na mão, algo próximo da linguagem jornalística.

“O roteiro é tradicional, mas o que fizemos é usar a câmera mais agressiva, no espirito rock’n’roll. Criamos uma linguagem com muito plano sequência, com pouco plano aberto, com uma trilha pensada nesse mesmo ideal, para ‘sufocar’ o espectador”, afirma o diretor. “O filme tem essa ideia de pulsão e trabalhamos o ritmo baseado na máquina de remarcação de preço super utilizada no período de hiperinflação.” Era comum, em tempos de inflação alta, que os supermercados remarcassem os preços dos produtos até três vezes por dia: de manhã, de tarde e de noite.

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