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OBJETO NÃO IDENTIFICADO NOS CÉUS DE CURITIBA: os transeuntes foram tomados de susto por algo que voava rente aos prédios na capital. A imagem é um flagra de Henry Milleo | Henry Milleo/especial para o Planeta Diário
OBJETO NÃO IDENTIFICADO NOS CÉUS DE CURITIBA: os transeuntes foram tomados de susto por algo que voava rente aos prédios na capital. A imagem é um flagra de Henry Milleo| Foto: Henry Milleo/especial para o Planeta Diário

Trajetória

A história de Superman na cultura norte-americana é marcada por diferentes versões, que se adaptam ao período em que foram criadas

• 1938 – O personagem faz sua estreia nos quadrinhos na primeira edição da Action Comics. A publicação marca o início das histórias de super-heróis.

• 1952 – Estreia na televisão americana a série As Aventuras do Super-Homem, com George Reeves no papel principal. Ela fica no ar até 1958.

• 1978 – Superman – O Filme chega aos cinemas, dirigido por Richard Donner e estrelado por Christopher Reeve. O ator interpreta o herói em outros três filmes.

• 1993 – Após perder popularidade, a editora DC Comics decide matar Superman nos quadrinhos. O arco de histórias resulta no retorno do sucesso do personagem.

• 1993 – Estreia na televisão americana a série Lois & Clark – As Novas Aventuras de Superman. A trama aposta na comédia romântica para segurar o público.

• 2001 – A juventude de Clark Kent é tema do seriado televisivo Smallville. A produção que adapta o personagem para as novas gerações ficou no ar por 10 anos.

• 2006 – O diretor Bryan Singer lança nos cinemas seu Superman – O Retorno. O filme não tem o retorno financeiro esperado e decepciona os fãs pela falta de ação.

• 2011 – Superman recebe uma nova cara nos quadrinhos, com a reformulação das publicações da DC Comics. A primeira capa mostra o herói vestindo um jeans no lugar do uniforme.

Nos cinemas: uma trilha, um rosto e um símbolo

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Em 1938, o mundo viu nascer, pelas páginas de uma revista de história em quadrinhos, a representação do novo Messias. O salvador em nada se parecia com Jesus Cristo, Moisés ou Noé. Afinal, Superman usava um uniforme, com capa vermelha e cueca por cima da calça.

O salvador moderno foi concebido pelos artistas Jerome Siegel e Joe Shuster para a primeira edição da revista Action Comics. As cores da bandeira norte-americana, que estampavam o uniforme do personagem, surgiam como um símbolo de esperança para um país que lidava com a recuperação de uma crise econômica. Em suas primeiras histórias, Superman combatia o crime das ruas. Prendia bandidos, impedia sequestros e grandes assaltos. Quando sobrava tempo, ele tirava gatinhos de galhos de árvores.

Os atos de heroísmo, junto com a super-força e o comportamento de bom moço renderam uma fórmula de sucesso imediato, inaugurando o gênero de super-heróis nas HQs. Hoje o filão é responsável por gerar cifras milionárias às editoras e aos estúdios de Hollywood. Das dez maiores bilheterias de todos os tempos, três são adaptações de quadrinhos: Os Vingadores (2012), Homem de Ferro 3 (2013) e Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012). E tudo começou com o último filho de Krypton.

Origem

A trajetória do primeiro super-herói começou com o kryptoniano Jor-El que, ao perceber que seu planeta iria desaparecer, decide enviar o único filho ainda bebê para a Terra. Encontrado por um casal de fazendeiros, o menino recebe o nome de Clark Kent e é criado como um humano, apesar de ter habilidades extraordinárias.

Quando cresce, Clark enfrenta o crime conciliando o trabalho como repórter no jornal Planeta Diário com sua identidade secreta de protetor. O cânone do Superman ainda inclui o interesse amoroso por Lois Lane, a vilania de Lex Luthor, a fragilidade provocada pela kryptonita e vários outros elementos, agregados com o tempo.

A narrativa foi vista inúmeras vezes nos quadrinhos, na televisão e no cinema. Aliás, a sétima arte é uma das principais responsáveis pela disseminação do personagem dentro e fora dos Estados Unidos. Em 1941, Superman fazia sua primeira aparição nas telonas numa animação dos estúdios Fleisher – que produzia os desenhos do Popeye.

"Foi nessas produções que ele começou a voar e ter visão de calor. Isso acabou incorporado pelos quadrinhos logo em seguida", explica o crítico de cinema Marden Machado. Das animações, o personagem foi para uma radionovela e depois para um seriado cinematográfico, em que era interpretado pelo bailarino Kirk Alyn.

O sucesso do personagem foi visto com um tom bastante amargo por seus criadores. Como tinham vendido os direitos de Superman para a editora que mais tarde se tornaria a DC Comics, Shuster e Siegel viveram sem ver o retorno financeiro gerado pelos quadrinhos e adaptações para outras mídias. A situação gerou vários processos ao longo das décadas.

Geração

Nos últimos 75 anos, Super-Homem – como foi conhecido o personagem no Brasil durante muito tempo – passou por inúmeras interpretações, associadas a diferentes gerações. "Ele chegou a enfrentar nazistas durante a Segunda Guerra Mundial", lembra Líber Paz, professor de Design na UTFPR e fã de quadrinhos. "O personagem mudou com a história do século 20. Durante a corrida espacial, as histórias eram intergalácticas. Depois adotaram um cunho social, mais moderno. Sempre há uma versão para que o público se identifique."

As diferentes adaptações e transformações pelas quais passou ajudaram a manter o Superman junto ao imaginário do público. Entre os produtos televisivos de maior sucesso estão As Aventuras de Super-Homem (1952-1958), Lois & Clark – As Novas Aventuras do Superman (1993-1997) e Smallville (2001-2011). No cinema, o rosto mais conhecido do personagem é o de Christopher Reeve, que o interpretou quatro vezes.

Quando era esquecido pelo público, algum grande evento marcava um retorno triunfal, como o casamento com Lois Lane, sua morte nas mãos do vilão Apocalipse e o dia em que renunciou à cidadania americana por se sentir usado pelo governo dos EUA. Os fatos na ficção dos quadrinhos ganhavam páginas nos jornais de verdade – levando os fãs de volta ao herói.

Mito moderno

Superman foi enviado por seu pai para salvar a humanidade. O herói desceu dos céus, com poderes milagrosos e disposto a fazer sacrifícios para proteger os homens e as mulheres da Terra, que com frequência o culpam pelos males do mundo. A saga do personagem mostra como a criação de Shuster e Siegel, na verdade, funciona como parte de uma mitologia moderna, comparável aos mitos greco-romanos e bíblicos.

O escritor Umberto Eco, no livro de ensaios Apocalípticos e Integrados, define o herói como uma soma de aspirações e arquétipos contemporâneos. Um modelo distante de comportamento, mas que representa o homem ideal. O tema foi alvo de diversas comparações, associando o Messias norte-americano ao conceito de homos superior, imaginado por Friedrich Nietzsche em Assim Falou Zaratrusta (1883).

A utopia de um homem inteiramente altruísta, digno de superpoderes, acaba esbarrando em outro aspecto fundamental ao legado de Superman: sua origem estadunidense. Em 2010, o autor norte-americano Tom de Haven publicou o livro Our Hero: Superman on Earth (Nosso Herói: Superman na Terra), em que analisa como o herói resume o espírito do país em que foi criado.

Segundo o escritor, o alter ego de Clark Kent personifica o sentimento do imigrante norte-americano, que foi para a América em busca de um sonho de ascensão. Eco, por sua vez, observa que, apesar de se doar para proteger Metrópolis, Superman representa um ideal falso. Afinal, mesmo capacitado de poderes inimagináveis ao homem comum, ele passa parte do seu tempo combatendo crimes menores dentro da cidade em que vive. Trata-se de uma visão limitada regionalmente, pois ignora o resto do mundo.

Independentemente das interpretações sociais e filosóficas, o super-herói se mantém como um ícone da cultura norte-americana. Responsável por impulsionar o consumo de quadrinhos e adaptações de cinema, além de povoar a imaginação de bilhões de pessoas no mundo todo.

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