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O jornalista venceu o Jabuti com seu romance de estreia e agora prepara um  novo livro, que sai em 2011 | Divulgação/Rede Globo
O jornalista venceu o Jabuti com seu romance de estreia e agora prepara um novo livro, que sai em 2011| Foto: Divulgação/Rede Globo

O tortuoso amadurecimento de dois garotos na década de 1960, pano de fundo para retratar anos de tortura, é o ponto de partida de Se Eu Fechar os Olhos Agora (Record), livro anunciado hoje como o melhor romance do 52.º Prêmio Jabuti. Seu autor, o também jornalista Edney Silvestre, receberá R$ 3 mil. "Estou exultante, especialmente pela qualidade de meus concorrentes", comentou à reportagem.

De fato, sua obra venceu Leite Derramado (Companhia das Letras), de Chico Buarque, e Os Espiões (Objetiva), de Luis Fernando Verissimo, respectivamente segundo e terceiro colocados na categoria.

Silvestre, assim como os ga­­nhadores das outras 20 categorias, vai receber o troféu na cerimônia de premiação marcada para 4 de novembro, na Sala São Paulo. Nesse dia, sua coleção poderá aumentar, pois serão anunciados o melhor livro do ano de ficção e o de não-ficção, os prêmios máximos do Jabuti – cada vencedor recebe R$ 30 mil, além de mais uma estatueta dourada. O escritor já ostenta uma importante conquista: em agosto, Se Eu Fechar os Olhos Agora foi eleito o melhor romance estreante de 2009 do Prêmio São Paulo de Literatura, honraria que lhe valeu, além de um troféu, um cheque de R$ 200 mil. "Desde aquela época, venho buscando explicações para o sucesso do livro", conta Silvestre. "Afinal, não se trata de um relato histórico, nem policial, ou mesmo de um romance de formação, mas contém ingredientes de todos esses gêneros."

O livro mostra como, em abril de 1961, dois meninos de 12 anos, que vivem em pequena cidade da antiga zona do café fluminense, encontram o corpo mutilado de uma mulher às margens de um lago. Como a explicação oficial do crime, que incrimina o marido, dentista da cidade, motivado por ciúme, não convence, eles iniciam sua própria investigação, ajudados por um velho que mora no asilo da cidade – na verdade, um ex-preso político da ditadura Vargas.

"Muitas dúvidas me surgiram quando escrevia o romance, mas era movido pela certeza de que deveria tratar da nossa realidade", comenta o escritor. "Sinto uma certa indisposição de uma parcela dos autores nacionais em tratar de temas atuais, o que me incomoda, pois não podemos (nem devemos) esquecer assuntos como a ditadura militar ou mesmo de que estamos prestes a eleger um novo presidente."

O próximo livro, segundo Silvestre, está em gestação, mas levará ao menos cinco anos até ser publicado. Nas outras categorias do Jabuti, Marina Colasanti venceu em poesia com o livro Passageira em Trânsito (Record), enquanto em contos e crônicas o troféu ficará com Eu Perguntei pro Velho Se Ele Queria Morrer (E Outras Histórias de Amor), de José Rezende, publicado pela 7Letras.

Entre as biografias, houve um empate – Nem Vem Que Não Tem – A Vida e o Veneno de Wilson Simonal (Editora Globo), de Ricardo Alexandre, terminou em primeiro, enquanto a segunda colocação foi dividida entre Euclides da Cunha: uma Odisseia nos Trópicos (Ateliê Editorial), de Frederic Amory, e Padre Cícero – Poder, Fé e Guerra no Sertão (Companhia das Letras), de Lira Neto. Em terceiro, ficou Bendito Maldito - Uma Biografia de Plínio Marcos (Leya), de Oswaldo Mendes. Cronista do jornal O Estado de S.Paulo, Maria Rita Kehl venceu na categoria educação, psicologia e psicanálise com O Tempo e o Cão (Boitempo Editorial).

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