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Brasília - Foi a apoteose que se esperava. Teatro Nacional lotado, frisson do público, emoção e palmas no final. Assim que Rock Brasília – A Era de Ouro, documentário de Vladimir Carvalho apresentado fora de concurso, bateu na tela tudo o mais foi esquecido (e havia muito para ser esquecido). Compreende-se. Em nenhum outro lugar o filme deve ter a recepção que ganhou em sua terra. É um trabalho de memória e amor à cidade e seus personagens, no caso, as bandas Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. Não por acaso, Vladimir encerrou seu (longo) discurso com a frase: "No fundo fiz o filme para dizer: Brasília, eu te amo!". Bom, festivais de cinema são assim, epidérmicos, grandiloquentes, redundantes.

Política e vaias

Os trabalhos da noite foram iniciados por um discurso dos mais extensos do apresentador José de Abreu. O texto dava a entender que se está diante de um marco zero. Tinha cunho político (o governador Agnelo Queiroz é do PT) e citou Dilma e outros figurões da República. Vladimir falou demais e cometeu o erro de agradecer à ministra da Cultura Ana de Hollanda. Houve vaia. Nova citação, e mais vaia, mostrando como anda a popularidade da ministra. No fim deu tudo certo. O filme, premiado como melhor documentário no Festival de Paulínia, entra em cartaz dia 21 de outubro. As pessoas, em geral, saíram satisfeitas com o que viram. Com reparos. Algumas lamentaram a excessiva duração do filme. "Faria bem a ele um cortezinho de uns 15 ou 20 minutos", disse uma espectadora. Outro se queixou de que havia muita fala e pouca música.

As observações são procedentes. E talvez tenham a ver com o fato de que o diretor veja o rock de uma posição um tanto externa ao movimento. Expressão de jovens, o rock talvez tenha exigido do mestre Vladimir uma elaboração tortuosa para captar-lhe o sentido. Daí o excesso de palavras para cercar um fenômeno que se dá na ordem das pulsões, da adrenalina, da intuição, mais que no da razão.

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