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Patrícia Kamis e Rodrigo Bolzan em cena de Oxigênio, dirigido por Márcio Abreu | Elenize Dezgeniski/Divulgação
Patrícia Kamis e Rodrigo Bolzan em cena de Oxigênio, dirigido por Márcio Abreu| Foto: Elenize Dezgeniski/Divulgação

GUIA GAZETA DO POVO

O Guia Gazeta do Povo selecionou programas imperdíveis para você fazer na cidade logo após ver uma peça durante o Festival de Curitiba. Que tal esticar a noite com um jantar romântico, uma balada ou um barzinho para tomar aquela cerveja gelada com os amigos?! Assista ao vídeo e veja as dicas

Este é um ato que deve ser produzido aqui e agora. É esse o desafio que os atores Patrícia Kamis e Rodrigo Bolzan enfrentam ao apresentar Oxigênio, que faz sua última apresentação hoje, às 21 horas e às 23h59, na mostra Fringe, na sede da Companhia Brasileira de Teatro: manter a peça viva e interativa com o público a cada subida em cena.

Depois de ganhar cinco estatuetas do Gralha Azul com Vida, no ano passado, também do diretor Márcio Abreu, a Companhia considera a boa repercussão de Oxigênio, adaptação do texto russo Koslorod, mais uma conquista significativa. O texto, agressivo, exige intensidade fora do comum e expõe padrões de raciocínio que questionam/justificam da pedofilia ao terrorismo e colocam em xeque o próprio ato de representar. Toda essa carga ampliou o desafio da dupla de atores na adaptação para o público curitibano. Eles falaram sobre isso, com exclusividade, à Gazeta do Povo:

Como foi feita a adaptação de Kislorod (oxigênio em russo) para o Brasil?

Patrícia - Procuramos manter bastante as referências que poderiam ser compreendidas, como nomes de cidade, paixões nacionais (a vodca), porque fazem sentido, mas outras foram transpostas para a nossa realidade. Por exemplo, a diferença entre Moscou e Rússia, para nós, não é tão clara.

Rodrigo - Moscou é como se fosse outro país, e nesse caso escolhemos fazer um paralelo entre São Paulo e o Cariri, no Nordeste.

Como foi para vocês a interiorização do texto, que questiona a própria interpretação dramática?

Patrícia - Eu sempre fiz personagens, mas este trabalho tem mais uma característica de performance: estar presente junto com o público e criar algo. Nele, apesar de termos um texto, não fazemos personagens. Eu posso ser a Sasha [amante do protagonista], mas não sou ela exatamente. E isso é difícil, manter a peça viva a cada apresentação.

Conseguiram?

Patrícia - A cada apresentação a gente se questiona se conseguiu (risos).

Rodrigo - A história é muito mais narrativa do que vivida, e o texto, por mais que se adapte, permanece distante por tratar de um cara da Rússia. O que tínhamos em comum é que todos nós somos na década de 70, assim com o autor. Ele trata disso: os dois narradores representam uma geração, que viu um avião terrorista entrar pelas Torres Gêmeas. São coisas que nos identificam com a história. Já outras atitudes nela são esquisitíssimas. Espero que a vida da peça ainda seja longa para continuarmos encontrando sentido nela.

O que é para vocês o oxigênio e o essencial?

Patrícia - Para mim o essencial é a gente se expressar... Talvez até por isso procurei a atuação e a escrita. Nesse sentido, a peça é um desafio, se expressar a cada palavra, porque é muito fácil cair num texto decorado.

Rodrigo - A peça não tem rubricas, mas a primeira coisa que diz é: "Este é um ato que deve ser produzido aqui e agora". Minha resposta é essa. Buscar um pedacinho deste momento - que já passou.

Serviço:

Oxigênio. Sede da Cia. Brasileira de Teatro (R. José Bonifácio, 135, 1º andar), (41) 3223-7996. O espetáculo faz suas últimas apresentações hoje, às 21 horas e às 23h50. Confira o serviço no Guia Gazeta do Povo

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