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Otto dançou quase como um alucinado, copiando, ou sendo copiado, por diversos rapazes na multidão. | Brunno Covello/Agência de Notícias Gazeta do Povo
Otto dançou quase como um alucinado, copiando, ou sendo copiado, por diversos rapazes na multidão.| Foto: Brunno Covello/Agência de Notícias Gazeta do Povo
  • Otto foi para junto do público
  • Público no show de Otto

Otto sabe mesmo ser por inteiro, 100%. Nesta Corrente Cultural, foi a primeira vez que o pernambucano se apresentou a céu aberto em Curitiba.

O atraso no palco da Boca Maldita foi o de praxe -- cerca de uma hora e meia. Mas o show durou menos do que deveria, já que toda a multidão estava entregue, à deriva naquele barco pernambucano.

"Exu Parade", música de Certas Manhãs Acordei de Sonhos Intranquilos (2009), disco que levou Otto tanto à novela das nove quanto à boca e à cabeça de uma parte desta geração, abriu os trabalhos – aqui, em sentido literal. Pois o tecladista Bactéria duplicava seu par de mãos enquanto Otto, mesmo que ainda na terceira música, tirava a camisa e dançava quase como um alucinado, copiando, ou sendo copiado, por diversos rapazes na multidão. Em "Dias de Janeiro", Otto desceu à rua e passeou rapidamente no meio do público, como um missionário em serviço. A melancólica (e poderosa) "Filha" aumentou o coro. "Aqui é festa amor/ E há tristeza em minha vida," cantavam, às 22h10, garotas de óculos escuros e rapazes com o dedo em riste para o palco.

Algo de sobrenatural pareceu acontecer em "Janaína", já que Otto estava, até que se prove o contrário, possuído. Sua voz era tenebrosamente encantadora e grave, gutural como nunca. A missa continuava.

De repente, ele senta-se à beira do palco e desata a cantar "Em Plena Lua de Mel", música conhecida na voz de Reginaldo Rossi. O público compra a ideia e, momentos depois, estão todos cantando "A Noite Mais Linda do Mundo", sucesso de Odair José. O momento cabaré teria ainda "Fogo e Paixão", de Wando, música que, pelo visto pegou a banda de supetão. Depois das improvisações, o assunto voltou a ficar sério. Novamente sem camisa, e rebolando como uma minhoca desajeitada, o pernambucano invocou os poderes do manguebeat e cantou "Da Lama ao Caos", música da Nação Zumbi, banda da qual Otto foi percussionista. "A Praieira" veio em sequência, e a Rua XV transformou-se numa pequena Recife.

A pesada (e dolorida) "6 Minutos" encerrou a apresentação em clima catártico. Artista absolutamente entregue, público participativo, repertório impecável. Não há muito o que inventar: quando a velha fórmula de "como fazer um bom show" é seguida à risca, sempre dá certo.

Confira mais fotos do show de Otto

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