Emilio Estevez surpreende com filme sobre morte de Robert Kennedy

Se em 2005 coube a George Clooney, com seu "Boa noite, e boa sorte", provar ao Festival de Veneza que os atores podem renovar a gramática da direção de filmes, este ano sobrou para o nova-iorquino Emilio Estevez, de 44 anos, tirar a prova dos noves da eficiência dos astros atrás das câmeras. Exibido esta terça-feira, cercado de pompa graças aos famosos em seu elenco, "Bobby", um dos concorrentes ao Leão de Ouro na 63ª edição da mostra veneziana, surpreendeu a crítica ao reconstituir os bastidores do assassinato do senador Robert Kennedy, em 6 de junho de 1968, em Los Angeles.

- Com Kennedy assassinado e Richard Nixon eleito, vivemos a morte da inocência. A morte da esperança. O país emburacou em uma queda livre moral depois disso - disse Estevez, celebrizado no papel de Billy The Kid em "Jovens demais para morrer" (1990).

"Bobby" é estrelado por Sharon Stone, Demi Moore (que namorou Estevez nos anos 80), Anthony Hopkins, Elijah Wood, Christian Slater, Laurence Fishburne, William H. Macy e Lindsay Lohan, cuja presença no Lido agitou os paparazzi. O filme acompanha os passos de 22 personagens que estavam no Ambassador Hotel na noite do crime.

Apontado como um dos mais fortes competidores do festival, que já apresentou filmes novos de Brian De Palma ("A Dália Negra") e Alfonso Cuarón ("Filhos da esperança"), Estevez nega que a ironia em seu roteiro faça alusões à atual política americana. Mas diz que a memória daquele incidente é importante para que se compreendam os rumos que o país tomou.

- Aquela noite mudou o país, e precisamos nos recobrar de tudo o que houve - explica o diretor, que, aos 5 anos, chegou a encontrar Robert Kennedy, levado pelo pai, o ator Martin Sheen, que está no elenco de "Bobby".

Irmão de Charlie Sheen, Estevez comemorou com a exibição de "Bobby" duas décadas de sua estréia como cineasta. Seu primeiro longa foi o drama criminal "Heróis ou vilões", lançado em 1986.