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A intenção era realizar uma obra dramática, com o charme da ficção e o engajamento histórico. Porém, o resultado final beira o documental. Essa é a promessa embutida em "JK", a nova minissérie de verão da Globo, no ar a partir desta terça-feira (3). Escrita por Maria Adelaide Amaral (autora de A Muralha, A Casa das Sete Mulheres e Os Maias) e Alcides Nogueira, a adaptação da vida do ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902 – 1976) é uma das maiores produções já encampadas pela emissora carioca. Afinal, são 74 anos de história, contados a partir de uma cuidadosa reconstituição de época e um apanhado de imagens de arquivo.

Ao longo de 47 capítulos, que custaram R$ 450 mil cada, o espectador conhecerá detalhes (inclusive de ordem íntima e pessoal) da trajetória de Juscelino pinçados de quase tudo o que foi publicado sobre o político, desde o seu nascimento na cidade de Diamantina (MG) até a sua morte controversa na Via Dutra em 1976. Mas a minissérie vai além: por trás da biografia do homem que prometeu fazer "cinqüenta anos em cinco", está um abrangente panorama político e comportamental do Brasil dito moderno.

Ápice do desenvolvimentismo nacional, a "era JK" é marcada por uma série de transformações e novidades – da construção de Brasília à popularização da televisão, passando pelo incremento do parque industrial, o Cinema Novo, a bossa nova, o triunfo do futebol... Mesmo a constatação de que o ex-presidente contribuiu para o endividamento do país está presente na obra, por meio de críticas feitas por personagens da oposição a Juscelino.

Interpretado, em períodos diferentes, pelos atores Wagner Moura e José Wilker, os autores dividiram a minissérie em três fases, deixando para os diretores (liderados por Dennis Carvalho) a missão de comandar mais de cem atores. Além do elenco principal, desfilam pela atração nomes como Nathalia Timberg, Hugo Carvana, Marília Gabriela, José de Abreu, Letícia Sabatella, Mariana Ximenes, Caco Ciocler, Luis Melo, Paulo Goulart – fora um sem-número de participações especiais.

Seis cidades, além dos estúdios da Globo, foram usadas como locação: Diamantina (terra natal do ex-presidente), Tiradentes, Belo Horizonte, Santos, Brasília e Rio de Janeiro. Para se ter uma idéia, só o primeiro capítulo terá 18 cenários diferentes. De quebra, maquetes do conjunto arquitetônico da Pampulha (MG) e de Brasília – obras do arquiteto Niemeyer construídas por Juscelino – foram erguidas na Central Globo de Produção.

A primeira fase de JK, limitada ao capítulo de estréia, contará a infância de Juscelino. A segunda, com duração de 15 episódios, destacará sua passagem pela faculdade de Medicina, a entrada na política e a chegada à prefeitura de Belo Horizonte. Por último, e até o fim da minissérie, serão mostrados os passos do biografado até a presidência da República, sua rotina no exílio voluntário (iniciado em 1968, após a tentativa de formar uma frente de oposição ao governo militar) e o acidente automobilístico (para muitos, mal investigado) que o levou à morte.

Para Maria Adelaide do Amaral, a história de Juscelino Kubitschek é, basicamente, uma saga. A autora tem razão: da infância pobre à morte em circunstâncias misteriosas – passando, é claro, pela chegada ao poder –, sua jornada é digna dos grandes personagens. Em um país considerado "sem memória", os trinta anos da morte de JK serão lembrados com toda a pompa. Pelo menos na televisão.

Documentário

Juscelino Kubitschek também será destaque na Paraná Educativa nesta terça-feira. O canal exibe às 22h30 o documentário "JK, um cometa no céu do Brasil". O longa conta a trajetória de JK, com depoimentos de parentes do ex-presidente, nomes conhecidos da política, da literatura e da arte brasileira, como Celso Furtado, Oscar Niemayer, Maristela Kubistchek, Carlos Heitor Cony e Ronaldo Costa Couto.

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