Fabiano Vianna prepara para agosto a revista Lama, com contos fantásticos, suspense, terror e fotonovelas| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

Notas

Saiba mais sobre Fabiano Vianna:

Cidade - Nascido em Curitiba em 1975, morou em vários bairros, anda muito pelo centro e é frequentador assíduo de cafés. Elementos da capital são constantes em suas histórias.

Atividades - Fabiano é formado em Arquitetura, mas sempre trabalhou com design e ilustração. Ele é dono de um estúdio e trabalha numa editora de publicações infantis.

Onde ver - Suas fotonovelas estão disponíveis no www.crepusculo.com.br. Já os trabalhos de ilustração são publicados em www.fabz.com.br.

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Duas realidades inconciliáveis, duas personas distintas. A dualidade é uma constante na vida de Fabiano Vianna, o Fabz.

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Nascido em Curitiba no ano da neve, desde cedo tomou gosto pelo desenho, que o levou a participar de algumas oficinas de histórias em quadrinhos na Gibiteca. O lado artístico foi decisivo para a escolha da faculdade. "Eu fiz arquitetura, porque na época o design não era muito divulgado. O curso ainda era chamado de desenho industrial e eu achava que seria para desenhar rótulos", conta. Mesmo optando por outra formação, acabou descobrindo o prazer pelo design na universidade. "Eu percebi que era um desastre com coisas exatas. Sou uma cara subjetivo."

Essa subjetividade o levou a adotar duas identidades profissionais. Uma é Fabiano Vianna, autor de fotonovelas. A outra, Fabz, o ilustrador. Os caminhos profissionais também o levaram a uma bifurcação. As ilustrações criam temas delicados, algumas voltadas para o público infantil. As fotonovelas trabalham o suspense e terror, com influência do noir. "Eu sempre escrevi contos, mas os desenhos não os representavam, era como se tirassem o seu valor", explica. Por esse motivo, surgiu o interesse pela fotografia. "Esse tipo de imagem dá mais realidade e se aproxima mais do estilo do meu texto."

Inspiração

Cinema e literatura influenciam a produção de Vianna. Ao começar a fotografar, lembrou-se de Dave Mckean, responsável pelas capas da HQ Sandman, e fez uma fotonovela com a banda Rolling Stones. O interesse por livros de temática policial, como os de Raymond Chandler e James Ellroy, se refletem em suas produções. Outro aspecto destacado é a presença de um submundo, como nas histórias de Nelson Rodrigues.

Assim como Dalton Trevisan, busca usar elementos de Curitiba em seus contos. "Sempre morei aqui e em vários bairros. É natural falar daqui", conta. Mas é de Valêncio Xavier que Vianna tirou uma grande sacada. "O Valêncio faz literatura usando a imagem. É isso que quero fazer: juntar os elementos, usando a imagem para contar a história, completando o sentido do texto e não como enfeite."

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Produtos

Vianna criou um estúdio para poder trabalhar em suas próprias criações. "Desenhos fofinhos não me dão tanto prazer quanto as fotonovelas", admite, ressaltando que precisa de tempo para realizar projetos pessoais.

As fotonovelas são produzidas com apoio de uma equipe, formada por Japa Biet e Bruno Zotto, e as histórias ficam disponíveis no site Crepúsculo. "Eu sempre curti o crepúsculo. A luz difusa e a transição do dia para a noite são surreais e é um momento muito bonito. Essa palavra também sempre esteve presente nos meus textos."

Vianna conta que, depois do lançamento do filme homônimo, baseado no livro de Stephanie Meyer, o número de visitas a seu site pulou de cinco mil para 40 mil acessos mensais. A confusão com os nomes acabou divulgando o espaço e atraiu um público que começou a gostar das fotonovelas. "A temática de vampiros tem a ver com o dark das fotonovelas, por isso a identificação dos adolescentes."

Cerca de mil fotos são tiradas para produzir uma fotonovela, que tem seis capítulos. "Usamos 10% de tudo que produzimos. Cada capítulo tem umas 20 fotos", explica Vianna, mostrando os desenhos que faz nos caderninhos de story board . Os volumes, aliás, têm uma particularidade. "Eu procurava cadernos que fossem sempre iguais, mas, quando um acabava, era difícil encontrar outro idêntico. Até que uma amiga me deu um Moleskine, um caderno que é fabricado desde 1900 da mesma maneira. Desde então, eu os coleciono."

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As primeiras histórias eram produzidas com os amigos e algumas participações especiais. "Os caras do Bidê ou Balde e o Wander Wildner toparam a proposta e realmente encarnaram a brincadeira da fotonovela." As improvisações de Wildner renderam, inclusive, alguns diálogos inusitados. "Eu achei que ele iria demorar para se soltar nas cenas, mas se empolgou tanto que criou umas frases além do que estava no texto." Ele conta que, quando ouviu Wildner dizer "você não passa de uma maçaneta", pensou na hora: "Vou ter que usar isso!" Agora as histórias estão um pouco mais profissionais. "Estamos fotografando com atores, porque a fotonovela é exagerada, cênica, mas também é estática, o que causa estranhamento."

Uma nova aventura para o artista é a produção de videoclipes. "Fiz alguns trabalhos com estética de fotonovela e técnica de stop motion, em que uma sequência de fotos dá a impressão de movimento, para alguns cantores do Rio de Janeiro", diz. O início dessa empreitada foi casual. A pedido da amiga Ana Paula Maia, criou um trailer para divulgar o livro dela, A Guerra dos Bastardos. O vídeo ganhou um prêmio no BiblioFilmes Festival, competição portuguesa exclusiva para trailers de livros.

Lama

Contos fantásticos, suspense, terror e fotonovelas. Esses elementos fazem parte da revista Lama, outro projeto seu. "Eu trabalho muito com internet, mas senti vontade de fazer algo impresso. A sensação do papel é de registro." O nome da publicação remete ao clima chuvoso de Curitiba. "A lama representa aquela diversidade, que mistura tudo." Com referências pulp (literatura barata que apareceu nos anos 1920), a revista deve ser lançada em agosto e conta com a participação de vários colaboradores.