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Em 11 anos de trajetória e cinco álbuns lançados, o trio britânico Supergrass, apesar da pressão em fazer parte da "canibal" cena brit pop, nunca teve medo de experimentar. Talvez por isso mesmo, seja considerada uma banda de altos e baixos. Altos quando apostava em uma sonoridade mais acessível e alegre, como em seu registro de estréia I Should Coco (1995), e baixos, ao tentar incorporar algo mais à sua maneira de compor, como no registro In It for the Money (1997), amado e odiado pela mesmo número de pessoas.

Após tantas tentativas de encontrar seu caminho sonoro, o grupo formado por Gaz Coombes (vocal e guitarra), Mickey Quinn (baixo), Danny Goffey (bateria) e que agora conta com um novo integrante – o irmão do vocalista, Rob Coombes (piano e teclado) – parece ter finalmente encontrado a estrada que leva à perfeição pop/rock. Trata-se de Road to Rouen, quinto registro da banda, lançado em agosto do ano passado, mas que só agora chega às prateleiras nacionais, graças à apresentação que a banda fará no Campari Rock, festival que acontece no dia 8 de abril, no interior paulista, em um hotel-fazenda da cidade de Atibaia.

Mas a boa receptividade de público e crítica só demonstra o quão imprevisíveis são as vontades dos amantes da boa música feita no Reino Unido. Isso porque Road to Rouen é, de longe, o registro mais melancólico dos rapazes de Oxford, característica justamente contrária ao que se esperava da banda até então. "Road to Rouen expressa um período difícil da nossa vida. Gaz e Rob perderam a mãe há dois anos e eu terminei um longo relacionamento Tudo isso refletiu-se na realização do álbum, que acabou sendo invadido pelo que as pessoas chamam de melancolia", conta o baixista Mickey Quinn, em entrevista por telefone ao Caderno G.

Eis que a máxima popular de que sofrimento traz crescimento parece se aplicar com precisão ao quinto registro do Supergrass. Com apenas nove faixas e cerca de 35 minutos no total, Road to Rouen dá seu recado e mostra que o agora quarteto é, sim, capaz de fazer músicas que tocam a alma e não apenas canções que fazem balançar o esqueleto. A transformação é perceptível logo na faixa de abertura, "Tales of Endurance, Pts. 4, 5 & 6", canção épica, dividida em três partes, iniciada com uma introdução de quase dois minutos, na qual ressaltam as diferentes texturas criadas por camadas de teclados, arranjos de cordas e metais. Um dos versos oferece uma dica sobre o conceito do álbum: "Damos as boas-vindas ao suicídio comercial", entoa Gaz.

Na seqüência, a balada "St. Petersburg", comandada por uma linha de piano, emociona pela simplicidade melódica, porém rica de arranjos. A decepção amorosa do baixista dá o tom de "Sad Girl", também uma balada, mas com um recorte que se remete a "Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band", dos Beatles. Acelerando um pouco ritmo, a tristonha "Roxy" também fala de corações partidos (no refrão algo como "sem lágrimas para chorar tanto sofrimento"), faixa também entrecortada de belíssimos crescendos de violinos, teclados e guitarras. Já a canção-título, "Road to Rouen", lembra Talking Heads, cheia de ritmos quebrados e guitarras suingadas. Finalizando o álbum, a meiga "Fin" (note que o álbum foi gravado na França) é levada por uma bateria eletrônica.

Pena que, com o intuito de agradar a platéia brasileira, a banda anda pensando em deixar Road to Rouen um pouco de lado em sua apresentação, em abril. "Apesar de estarmos passando por uma fase mais introspectiva, vamos apostar em um set mais enérgico aí no Brasil. Estamos pensando em tocar algumas canções de Road to Rouen, obviamente, mas queremos centrar o repertório em nossas canções mais conhecidas. Com certeza, ‘Alright’ não vai faltar, para repetir a dose de quem nos assistiu há dez anos atrás", adianta Quinn. O jeito é torcer para que até lá eles mudem de idéia. GGGG

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