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No dia 10 de fevereiro de 1996, Lula Buarque de Hollanda estava em Salvador dirigindo o documentário Tempo Rei, sobre o compositor Gilberto Gil, quando teve um estalo. Pediu ao atual Ministro da Cultura que prolongasse a entrevista que faria com um de seus amigos, o fotógrafo e etnógrafo francês Pierre Verger, radicado na Bahia desde 1946. Recentemente, Lula havia se impressionado com o apuro estético das fotografias deste senhor, então com 93 anos, e começou a ler suas obras. "Percebi que por trás das fotos existia um personagem fascinante para a realização de um filme", conta. No dia seguinte à entrevista, a equipe recebeu a notícia de que Pierre Verger havia morrido.

A última entrevista concedida pelo fotógrafo transformou-se na espinha dorsal do documentário Pierre Fatumbi Verger: Mensageiro entre Dois Mundos, uma co-produção da Conspiração Filmes, Globosat/GNT e Gegê Produções, que acaba de ser lançado em DVD nas locadoras do país. Produzido há oito anos, o filme é apresentado por Gilberto Gil, que percorre os caminhos de Verger pela República do Benin, na África, e pela Bahia como seu alterego. Lula optou, inclusive, pela narrativa em primeira pessoa, fazendo de Gil o próprio fotógrafo.

O documentário aborda um aspecto da trajetória do etnógrafo que Lula considera a sua contribuição mais importante. "Seria possível fazer vários filmes diferentes. Mas, o que mais me interessou foi essa reconstrução do elo entre a África e o Brasil, que naquela época estava perdido", conta, em entrevista concedida ao Caderno G. O documentário transpõe muito bem para película esta continuidade africana no Brasil – e vice-versa – que Pierre Verger registrou com sua Rolley Flex. O diretor de fotografia César Charlone (de Cidade de Deus) criou a identificação com o trabalho do fotógrafo pelo uso intenso de contrastes e tentando preservar ângulos parecidos com os utilizados por Verger. (AV)

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