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Oportunismo é uma palavra que persegue os Titãs desde sempre. Em 1986, foram acusados de roubar idéias de bandas dos porões paulistanos para compor o álbum Cabeça Dinossauro. No início dos anos 90, receberam duras críticas por cair de paraquedas na onda grunge, período registrado em Titano-maquia (1993). Mas o pior veio no fim daquela década, quando lançaram, em seqüência, três discos contendo apenas versões de sucessos próprios e alheios – Acústico (1997), Volume Dois (1998) e As Dez Mais (1999).

Os anos 2000 trouxeram uma certa credibilidade ao grupo, que retomou a produção de músicas inéditas e superou duas perdas: a morte do guitarrista Marcelo Fromer (1961 – 2001) e a saída do baixista Nando Reis, em 2002. Agora, porém, a velha sombra ameaça os músicos novamente, por conta do lançamento de mais um projeto de releituras. No CD e DVD MTV ao Vivo – Titãs, gravado em Florianópolis, o quinteto ataca de hits manjados, faixas menos conhecidas de seu repertório e clássicos de Roberto Carlos e Raul Seixas.

Ao menos, há três novas composições, sendo que uma delas, "Vossa Excelência", já virou motivo de polêmica. A letra, sobre a crise política brasileira, traz críticas à classe dirigente e explode em um refrão nada sutil (e, para alguns, apelativo): "FDP! Bandido! Corrupto! Ladrão!".

"Não acho a música oportunista, como alguns críticos estão dizendo. Acho oportuna, pois trata de maneira direta de um tema do momento", justifica o guitarrista Tony Bellotto. Para ele, existem momentos em que nada substitui um palavrão. "Não sei o que você sente quando pensa na situação atual, mas eu tenho vontade de olhar para um daqueles caras e dizer: ‘FDP!’", afirma. E, antes de passar para outro assunto, brinca com o tão falado ciclo de seminários O Silêncio dos Intelectuais, que está sendo promovido nacionalmente pelo filósofo e jornalista Adauto Novaes. "A gente deixa o silêncio para eles. Como somos roqueiros, ficamos com o barulho".

Mas, afinal, por que gravar outro trabalho de releituras, o quarto em menos de dez anos? Segundo Bellotto, os Titãs careciam de um registro ao vivo recente, já que seu único disco do gênero, Go Back, foi lançado há 17 anos. "Desde então, a banda passou por muitas mudanças no som e na formação. Além disso, só tínhamos o DVD do Acústico, e queríamos um ‘elétrico’ também", explica o marido da atriz Malu Mader, há pouco submetida a uma operação para extrair um tumor do cérebro.

Malu teve as primeiras convulsões em Florianópolis, justamente na noite em que os Titãs chegaram à cidade para os ensaios no local do show. Nos dias seguintes, enquanto a artista recebia cuidados médicos e era transferida para o Rio de Janeiro, Bellotto continuava envolvido na produção do CD/DVD. "Foi um grande susto e agora está tudo bem. Ela recebeu alta total e já está trabalhando", garante o músico.

Autor de livros policiais, o guitarrista acaba de roteirizar uma minissérie para o canal HBO – Mandrake, inspirada na obra do escritor Rubem Fonseca. Os outros titãs também mantêm projetos paralelos: Sérgio Britto prepara seu segundo disco-solo, Charles Gavin continua garimpando raridades da MPB para lançar em CD e Paulo Miklos vai atuar na próxima novela global das sete, Bang Bang. Mas é Branco Mello quem deve, em breve, surpreender os fãs com um documentário de longa-metragem sobre os 23 anos de carreira da banda. Dirigido por Oscar Rodrigues Alves (responsável por clipes do quinteto) e supervisionado por Mello, o filme promete tocar em assuntos espinhosos, como as brigas internas, a morte de Fromer e as prisões de integrantes do grupo. Quem viver, verá.

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