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Tom Cruise: o astro é um dos maiores divulgadores da religião | Divulgação
Tom Cruise: o astro é um dos maiores divulgadores da religião| Foto: Divulgação

Preceitos

"Nos EUA, culto à celebridade é algo religioso"

Lawrence Wright, escritor e jornalista

Para o senhor, a Cientologia é uma religião?

O que me interessava quando comecei a escrever A Prisão da Fé era mais analisar o processo que leva uma pessoa a crer.

Como você definiria a teoria fundadora da Cientologia?

Hubbard bebeu em várias fontes para criar a receita da Cientologia, de Freud a seu amigo bruxo Aleister Crowley. Ele dizia que a Cientologia apaga a dor de toda uma vida – e usou esse princípio como terapia, instalando sua igreja justamente em Hollywood, onde poderia contar com famosos para espalhar a seita. Ele teve esse insight brilhante de que, na América, o culto a celebridade é, antes de tudo, religioso.

A seita ganha mais força conforme a contracultura avança nos anos 1960 e 1970. Por quê?

Creio que a razão está ligada ao consumo de drogas, que se intensifica nesse período. Tanto que a Igreja da Cientologia usava o slogan: "Depois das drogas, ainda haverá a Cientologia".

Agência Estado.

Livro

A Prisão da Fé – Cientologia, Celebridades e Hollywood

Lawrence Wright. Tradução de Laura Motta e Denise Bottman. Companhia das Letras, 592 págs., R$ 54.

Entre as religiões surgidas nas últimas décadas, poucas angariaram a riqueza e o poder da Igreja da Cientologia. Criada em 1954 pelo misto de escritor e líder espiritual L. Ron Hubbard, a crença – que tem no seu rebanho celebridades como Tom Cruise e John Travolta – também é marcada por muitos escândalos e polêmicas.

Toda a controvertida história da seita chega às livrarias em A Prisão da Fé – Cientologia, Celebridades e Hollywood, escrito pelo jornalista Lawrence Wright.

De acordo com o livro, a Igreja da Cientologia é centro de um império imobiliário avaliado em US$ 400 milhões só em Hollywood. Recentemente, a igreja adquiriu um estúdio de televisão no Sunset Boulevard.

O autor, vencedor do prêmio Pulitzer em 2007, por O Vulto das Torres (Companhia das Letras), a respeito da Al Qaeda, realizou agora mais de duzentas entrevistas com cientologistas praticantes e ex-membros da igreja, muitos dos quais falaram pela primeira vez sobre a seita (leia a entrevista ao lado) .

Wright também fez uma vasta pesquisa em arquivos e processos judiciais da igreja e de seus membros mais graduados.

Com imparcialidade, Wright mostra como a igreja persegue celebridades e as usa para promover a instituição. O conteúdo do livro foi duramente contestado pela igreja, que não aceita os testemunhos de alguns ex-integrantes, como o diretor canadense Paul Haggis, vencedor do Oscar de melhor filme por Crash – No Limite (2006), que é um dos personagens centrais da história.

O livro acompanha o cineasta até 2008, quando ele escrevia mais um roteiro da série James Bond e retrata o ex-fiel, então com 60 anos, como um cientologista desiludido, chocado com o preconceito que viu dentro da igreja, sobretudo por ser pai de duas garotas homossexuais – orientação que a igreja repudia.

Perseguição

Outros personagens centrais do livro são o criador Hubbard, misto de aventureiro, escritor de ficção científica, curandeiro e guia espiritual que estabeleceu a controversa base da fé da cientologia.

E também seu sucessor, David Miscavige, a quem coube preservar a igreja depois da morte do líder, algo que ele fez, muitas vezes, com violência contra detratores ou com quem tenta simplesmente escapar dela.

Algo que, segundo o livro, foi responsável por acabar com o casamento entre Tom Cruise e a atriz Nicole Kidman. Cruise entrou para a igreja em 1986, por orientação de sua mulher à época, a atriz Mimi Rogers. Desde então, é um dos grandes divulgadores das ideias da seita.

Quando Cruise e Nicole casaram, ela discordou em educar os filhos do casal numa escola do método Hubbard e perdeu a luta contra o lobby dos dirigentes da igreja. O livro conta como a mansão do casal era vigiada constantemente pela igreja.

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