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Uma proibição inédita a modelos excessivamente magras, decretada num desfile de alta-costura em Madri, provocou reações de ultraje em agências de modelos e levantou a perspectiva de restrições similares em outros eventos.

A semana da moda de Madri rejeitou modelos que estão abaixo do peso, após protestos de que garotas e mulheres jovens tentam copiar a aparência esquelética das modelos e, em consequência, desenvolvem desordens alimentares.

Os organizadores dos desfiles disseram que querem promover uma imagem de beleza e saúde, e não o visual excessivamente magro, ou "heroin chic" (vinculado à imagem de consumidores de heroína).

Mas Cathy Gould, da agência de modelos Elite, de Nova York, disse que a indústria da moda está sendo usada como bode expiatório de doenças como a anorexia e a bulimia.

- Acho isso ultrajante. Compreendo que queiram criar esse ambiente de mulheres belas e saudáveis, mas como fica a questão da discriminação contra a modelo e a da liberdade do estilista? - disse Gould, diretora da Elite América do Norte, acrescentando que a iniciativa vai prejudicar profissionalmente as modelos que têm corpo naturalmente "esbelto como o de uma gazela".

O governo regional de Madri, que patrocina a semana de moda e impôs as restrições, disse que não atribui a anorexia aos estilistas e às modelos. Mas disse que a indústria da moda tem a responsabilidade de difundir imagens de corpos saudáveis.

- A moda é um espelho, e muitas adolescentes imitam o que vêem na passarela - disse a autoridade regional Concha Guerra.

Na Itália, a prefeita de Milão, Letizia Moratti, disse a um jornal italiano esta semana que vai procurar impor proibição semelhante na semana de moda de sua cidade, a não ser que seja encontrada uma solução para as modelos de aparência "doentia".

A semana de moda de Madri está usando o índice de massa corporal, ou ICM - baseado no peso e na altura - para medir as modelos.

O evento já rejeitou 30 por cento das mulheres que participaram da semana de moda passada. Médicos estarão a postos nos desfiles, que terão lugar entre 18 e 22 de setembro, para avaliar as modelos.

- As restrições podem chocar o mundo da moda num primeiro momento, mas estou certa de que são uma medida importante, no que diz respeito à saúde - disse Leonor Perez Pita, diretora da semana de moda de Madri, também conhecida como Pasarela Cibeles.

Uma porta-voz da Associação de Estilistas de Moda da Espanha, que representa a semana de moda de Madri, disse que o grupo apóia as restrições e que sua preocupação é a qualidade das coleções, não o tamanho das modelos.

Ativistas no combate às desordens alimentares disseram que muitos estilistas e agências de modelos da Espanha se opõem à proibição. Eles afirmaram ter dúvidas de que as novas regras serão obedecidas.

- Se isso não acontecer, o próximo passo será tentar legislar sobre o assunto, como foi feito com o fumo - disse Carmen Gonzalez, da Associação espanhola de Defesa da Atenção para com a Anorexia e a Bulimia, que faz campanha em favor das restrições desde a década de 1990.

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