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Lázaro Escarze, personagem principal, que faz aniversário "junto com o comandante Fidel" | Divulgação
Lázaro Escarze, personagem principal, que faz aniversário "junto com o comandante Fidel"| Foto: Divulgação

O grande desafio de um curta-metragem é, com o pouco tempo de duração, provocar algum sentimento nos espectadores. "A Chamada", do brasileiro Gustavo Vinagre, não alcança esse objetivo. Com 19 minutos, o filme conta a história de Lázaro Escarze, um senhor cubano de 86 anos que ama a revolução e vende alimentos em uma cooperativa. O tema, que inicialmente parece interessante e sedutor, decepciona pela falta de sensibilidade com que é abordado.

Como filme, o curta não chega a criar no espectador uma empatia pelo personagem principal, o velho Escarze. De voz forte e fala direta, ele é retratado apenas como um senhor embrutecido por uma história de vida que provavelmente envolve muito drama e sofrimento, mas que não fica bem explicada. Como documentário, formato que poderia ser melhor explorado na trama, também não dá um panorama histórico, político e social de Cuba além do que os brasileiros já sabem – ou supõe que sabem. A fita se resume a tratar a revolução como uma espécie de seita e os revolucionários como pregadores da doutrina, que dedicaram a vida à luta e chegaram à velhice vendendo batatas para sobreviver e cantando hinos saudosistas.

Os aspectos positivos do filme estão na fotografia e estética. Rodado totalmente em preto e branco e sempre mostrando o interior da venda, com seus compradores indo e voltando, o curta-metragem tem uma beleza pitoresca. Com mais tempo de duração para explorar um assunto tão complexo e interessante, "A Chamada" daria um ótimo longa-metragem. Da forma como está, parece incompleto.

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